Lula da Silva afirmou esta sexta-feira, depois da reunião que teve em São Bento com o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, que a sua viagem a Portugal, “é uma "demonstração de que o Brasil voltou ao mundo político".
Em declarações aos jornalistas, o Presidente eleito do Brasil manifestou a "alegria de estar em Portugal e ser recebido pelo Presidente da República, pelo primeiro-ministro", naquilo que considera ser "uma demonstração que o Brasil voltou ao mundo político", a "discutir os assuntos que são do interesse da humanidade", do "interesse do Brasil" e dos seus "parceiros".
Recorde-se que o primeiro-ministro, António Costa, recebeu hoje Lula da Silva, em São Bento, com um abraço, tendo mesmo feito, em frente aos jornalistas, um “L” com os dedos – símbolo da campanha do presidente eleito do Brasil.
Lula da Silva chegou à residência oficial de António Costa às 20h00, acompanha pela sua mulher Janja, tendo à sua espera o líder do executivo português e a sua mulher, Fernanda Tadeu. Em São Bento, os dois casais tiveram um jantar, depois de uma breve reunião entre António Costa e de Lula da Silva.
Coletiva de imprensa de Lula e o primeiro-ministro português AntónioCostaemLisboa https://t.co/o1YTDEICMM
— Lula (@LulaOficial) November 18, 2022
O presidente eleito do Brasil confessou ter ficado “emocionado” quando ouviu “gritar ‘o Brasil voltou’.
"E era muito marcante para mim, porque fazia quatro anos que o Brasil estava totalmente isolado do mundo. Nenhum país que sofreu bloqueio nesses últimos 30 anos teve o isolamento que o Brasil teve por culpa do próprio governo brasileiro. Não foi o mundo que isolou o Brasil, o Brasil é que se isolou", continuou, acrescentando que um país que "era considerado o mais alegre", se tornou "um país triste".
"É um país em que a esperança desapareceu, em que o presidente fazia questão de não conversar com ninguém, de não receber ninguém, ninguém queria visitar o Brasil, porque ele [Bolsonaro] teve um comportamento totalmente anti-Brasil e antidemocrático", disse ainda.
Lula da Silva assegurou que irá regressar a Portugal para homenagear Chico Buarque, que recebeu o Prémio Camões 2019.
“Eu estou orgulhoso porque posso agora dizer para vocês, que finalmente eu vou assinar o prémio que o Chico Buarque ganhou, Prémio Camões, que o governo atual não quis assinar. Eu vou assinar, e se Deus quiser estarei em Lisboa, com Chico Buarque para receber o Prémio Camões, tão merecido", salientou.
"A segunda coisa, é que nós vamos voltar a cumprir aquilo que nós soubemos fazer muito bem, de 2003 a 2015, quando governámos o Brasil. Nós vamos cuidar da questão climática, vamos cuidar da Amazónia como um património da humanidade, em qual o Brasil tem total soberania, mas nós precisamos compartilhar com o mundo a pesquisa para descobrirmos o potencial da nossa biodiversidade e que a gente possa contribuir com o mundo, cuidando da mais importante floresta tropical existente no planeta", defendeu.
A ONU do futuro
Lula da Silva considera que a ONU “não pode continuar a ser a de 1948”, uma vez que “o mundo mudou, a geopolítica mudou, a as pessoas mudaram, a cultura mudou, e, portanto, o conceito de segurança da ONU precisa mudar”.
“Precisa ter mais gente representando todos os continentes e precisa acabar com a ideia de que um país pode ter o direito de veto. Ninguém é superior a ninguém, independentemente da sua riqueza, independentemente do seu poder", afirmou.
Dois países irmãos
Já no fim do seu discurso, o agora Presidente do Brasil disse estar "muito feliz" e "orgulhoso" por o seu país retomar "a sua habitual atitude democrática, conviver com o mundo".
"Portugal é um parceiro histórico, e o nosso irmão, é a nossa pátria-mãe, e a gente precisa aprender a ter uma relação com Portugal muito carinhosa. Eu tive quando era presidente, e pretendo voltar a ter a partir do 1 de janeiro", afirmou Lula, dizendo que Marcelo Rebelo de Sousa e de António Costa na sua tomada de posse, apesar de ser "uma data difícil", e deixou claro:"Quero dizer para vocês que o Brasil voltou à normalidade", sublinhou.