Até parece simples…

Simples na enunciação, mas difícil na ação: o desafio é perceber o que deve ser feito para que as opções possam refletir decisões mais harmoniosas com a sustentabilidade do planeta? Há 2 caminhos que se complementam: um está associado às decisões de cada um de nós e outro, que se relaciona com as opções das…

Por Jorge Bruno Ventura

A 27.ª COP – Conferência do Clima das Nações Unidas, é pretexto para discursos oficiais e bonitas declarações sobre a sustentabilidade do nosso planeta. Hoje há uma maior sensibilidade para esta temática do que a verificada há anos atrás. O papel ativista das novas gerações, simboliza uma verdadeira preocupação com esta causa.

Simples na enunciação, mas difícil na ação: o desafio é perceber o que deve ser feito para que as opções possam refletir decisões mais harmoniosas com a sustentabilidade do planeta? Há 2 caminhos que se complementam: um está associado às decisões de cada um de nós e outro, que se relaciona com as opções das entidades com funções de governança.

Vamos ao caminho que é da responsabilidade de cada um de nós. Nos anos 80, Michael Porter criou um modelo de análise da atratividade dos mercados, através da análise de 5 forças. Para além da rivalidade entre players, do poder de negociação dos fornecedores e dos clientes e das barreiras à entrada de novos players, Porter propõe, também, o estudo da ameaça de produtos sucedâneos/substitutos. Esta ameaça torna-se maior, quanto maior for a vantagem económica do consumidor em optar pelo sucedâneo. Recordo este modelo porque há necessidade de se criar estímulos económicos capazes de proporcionar vantagens para as pessoas optarem por escolhas mais acertadas no contexto da sustentabilidade. Não é fácil convencer alguém a pagar mais por algo que poderia adquirir a um preço mais baixo só porque essa escolha é mais amiga do ambiente. Já existem alguns benefícios, mas as vantagens têm de ser verificadas na relação com as escolhas não amigas da sustentabilidade.

O outro caminho refere-se às decisões políticas. As opções a tomar devem inserir-se em estratégias assentes na sustentabilidade. Governos, órgãos de poder local e outras entidades devem ter uma estratégia amadurecida nas preocupações com o planeta e que seja capaz de legitimar e otimizar essa preocupação. O município de Mafra é um exemplo do que aqui refiro e desta preocupação. Em preparação está o programa de estratégia local, com o nome MMS – Mafra Mais Sustentável, que visa a implementar no concelho os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável aprovados na Assembleia Geral da Nações Unidas. 

Inspirado num anúncio de uma celebre marca de relojoaria, devemos pensar através da seguinte ideia: Nunca somos donos do nosso planeta, apenas cuidamos dele para as próximas gerações.

*Professor Universitário

Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da Informação da Universidade Lusófona