Câmara do Porto avalia danos resultantes da enxurrada de sábado

Geógrafo diz que situação pode dever-se a entupimentos e desvio de redes devido às obras do Metro. 

A Câmara Municipal do Porto já está a avaliar os danos resultantes das enxurradas que ocorreram no sábado na baixa da cidade e zona das Fontainhas, não conseguindo, para já, estimar a conclusão dos trabalhos de averiguação.

Recorde-se que no sábado, o concelho do Porto registou, em menos de duas horas, 150 pedidos de ajuda por causa das inundações em habitações e vias públicas, principalmente na baixa da cidade. As enxurradas causaram também danos em algumas habitações na zona das Fontainhas.

Para o geógrafo Rio Fernandes, o entupimento de bueiros com matéria das obras do Metro do Porto pode ter contribuído para as enxurradas de sábado, bem como um possível desvio de canais pluviais subterrâneos. “Temos aqui um conjunto de cubos, de areias, de gravilha, e, portanto, todos esses materiais foram empurrados pela água. E tivemos aqui situações em que o normal escoamento, através dos sistemas de infiltração, os bueiros – ou as sarjetas, como se diz no sul –, muitos deles estiveram entupidos”, disse à Lusa.

De acordo com o professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, esta circunstância terá feito com que “a água não se infiltrasse naturalmente nos sistemas pluviais e andasse a escorrer à superfície”.

O próprio vice-presidente da câmara municipal, Filipe Araújo, destacou que a autarquia do Porto não estava preparada para o que sucedeu na Rua Mouzinho da Silveira, perto da estação de São Bento e da Ribeira, e onde decorrem obras da Metro do Porto, reconhecendo que as obras que estão a decorrer podem ter provado alguma alteração. “Estamos perante uma obra a decorrer da Metro [do Porto] e que terá certamente provocado algumas alterações, que estamos a estudar com outros peritos, mas isso é normal. Uma obra às vezes pode provocar esse tipo de alterações”, afirmou. 

No sábado, a estação de metro de São Bento esteve fechada durante cerca de quatro horas devido à chuva intensa que obrigou à interrupção da circulação da Linha Amarela (D) entre as estações da Trindade e de Jardim do Morro.

Na sequência das enxurradas, a Metro do Porto pediu um estudo sobre as condições da empreitada da Linha Rosa, que decorre na baixa da cidade, ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), mesmo que não haja uma ligação direta entre as obras e as inundações.