André Ventura vai ser novamente candidato a Presidente da República. Ao que o Nascer do SOL apurou, o presidente do Chega já terá discutido internamente esta questão e comunicado que será ele a encabeçar uma candidatura do partido a Belém.
O líder do Chega foi candidato à Presidência da República nas eleições presidenciais de 2021, tendo ficado em terceiro lugar com 11,9% dos votos, atrás Marcelo Rebelo de Sousa (60,7%) e de Ana Gomes (13%) e à frente de João Ferreira (4,3%), Marisa Matias (4%), Tiago Mayan Gonçalves (3,2%) e Vitorino Silva (2,9%). Na altura, destacou-se no Alentejo e conseguiu uns impressionantes 34% em Mourão (Évora), 31% em Monforte (Portalegre) e Moura (Beja). Isto antes de o Chega se ter consolidado como a terceira força política em Portugal, nas legislativas de janeiro de 2022, também com forte crescimento eleitoral no Alentejo, decorrente da transferências de votos oriundas dos dois partidos à esquerda, PCP e Bloco de Esquerda.
Considerado o candidato ‘anti-sistema’, pautou a sua campanha por denunciar o silêncio da Presidência face aos temas mais sensíveis que Portugal enfrentava, tendo acusado Marcelo de ser complacente com os casos de Tancos, do combate à corrupção, as condições de trabalho das forças de segurança e as dificuldades do Ministério Público na investigação da classe política.
Com Paulo Portas a sair de cena, há agora espaço para André Ventura se recandidatar às presidenciais que vão decorrer em 2026. Sendo que à direita os nomes que poderão vir a disputar o lugar de Marcelo Rebelo de Sousa vão ficando mais claros.
Tal como o Nascer do SOL noticiou a semana passada, Paulo Portas não será candidato em 2026, já que foi nomeado para o conselho de administração da Mota Engil. O antigo líder do CDS, que colaborava desde 2016 com a construtora na qualidade de conselheiro estratégico para o mercado da América Latina, é agora administrador não-executivo, posição que exige um papel mais ativo e o obriga a deixar as lides políticas para segundo plano.
Para esta opção também terá contribuído o facto de não convencer os eleitores. Na última sondagem da Intercampus, divulgada em novembro, o vice-primeiro ministro do Governo de Passos Coelho aparecia mal posicionado (6,3%) face ao almirante Henrique Gouveia e Melo (15,4%), Pedro Passos Coelho (13,9%), e até mesmo Luís Marques Mendes (8,3%), os três nomes mais apontados na corrida à sucessão de Marcelo.
Neste estudo que mede preferências de possíveis candidatos, André Ventura aparecia ligeiramente abaixo de Paulo Portas, com 6,1%.
Tempo é algo que não falta para as candidaturas serem pensadas, preparadas e lançadas. Contudo, o tema já vai ocupando algum espaço no comentário político. E à direita, apesar de se perfilarem vários nomes, cada vez mais se vai alimentando a possibilidade de um regresso de Passos Coelho à atividade política regular.
Tido como o único putativo candidato capaz de federar o espaço político à direita do PS, o antigo primeiro-ministro, que até há bem pouco tempo levava uma vida recatada longe dos radares da política, nos últimos tempos tem estado em encontros informais mais ou menos públicos com outros ilustres sociais-democratas. Primeiro, na apresentação do livro O Governador, que juntou figuras de maior ou menor relevo do partido. Já na última semana, surgiu um registo nas redes sociais de um almoço com o ex-deputado José Eduardo Martins. O Nascer do SOL sabe também que tem tido encontros com mais regularidade com Miguel Relvas, antigo ministro no seu governo.
Desde que surgiu no Pontal no verão passado, Passos Coelho também não se inibiu de criticar a estratégia do PSD, nomeadamente sobre a morte medicamente assistida, tema que marcou o primeiro embate com Luís Montenegro e que nos bastidores sociais-democratas foi entendido como o tiro de partida de uma candidatura a Belém.
À direita do PS, Luís Marques Mendes, ex-ministro, ex-líder do PSD, conselheiro de Estado e comentador político dominical na SIC, também se afigura como um possível candidato. Mas tem contra si o facto de não suscitar qualquer entusiasmo no seu próprio partido sabendo que Passos Coelho reúne maior apoio, sendo natural que se este avançar Marques Mendes recue.