Gomes Cravinho detém empresa com sócio condenado por fraude fiscal

A sociedade imobiliária – da qual o ministro dos Negócios Estrangeiros é sócio desde novembro de 2020 – vendeu casas e terrenos muito abaixo do valor avaliado. De 613 milhões de euros, passaram a ser vendidas por 364 milhões.  

João Gomes Cravinho, ministro dos Negócios Estrangeiros, detém uma quota de mil euros da Eurolocarno – sociedade imobiliária fundada em 2014, por António Barata da Silva Barão – que esteve envolvida num negócio que lesou o fundo de resolução do Novo Banco em 260 milhões de euros.  

De acordo com a CNN Portugal, em causa esteve a venda de 13 mil imóveis a um fundo anónimo, chamada internamente no banco de “Portfólio Viriato”, em 2017.  

A estação de televisão avança que esta sociedade imobiliária – da qual o ministro dos Negócios Estrangeiros é sócio desde novembro de 2020 – vendeu as casas e terrenos muito abaixo do valor avaliado. De 613 milhões de euros, passaram a ser vendidas por 364 milhões.  

António da Silva Barão e a mulher registaram cinco sociedades imobiliárias de uma só vez. Além disso, em 2015, a gerência trocou de nome para Marcos de Almeida Lagoa, condenado por fraude fiscal. O empresário é ainda hoje sócio de Gomes Cravinho e detém metade da quota do titular da pasta dos Negócios Estrangeiros.  

O seu percurso está longe de ser limpo: além de ter sido um dos onze arguidos no processo dos CTT, foi julgado por vários crimes económicos que terão causado 13,5 milhões de euros de prejuízo aos Correios num negócio de venda de dois imóveis da empresa: um dos edifícios dos CTT, situado em Coimbra, foi vendido por cerca de 15 milhões de euros e, no mesmo dia, voltou a ser vendido pela mesma empresa, mas por 20 milhões. 

Marcos Lagoa também era responsável pelo fundo de investimento imobiliário que comprou o prédio dos CTT, tendo sido condenado a entregar 20 mil euros ao Estado, por suspeita de ter recebido uma comissão dos vendedores. 

Confrontado pela TVI, Gomes Cravinho afirmou não ter conhecimento dos problemas judiciais dos seus sócios e que a Eurolocarno "nunca teve qualquer problema com a justiça, tendo a sua situação judicial e fiscal regularizadas", e assegurou que "tem declarado sempre" a participação nesta sociedade imobiliária junto do Tribunal Constitucional: "Uma participação minoritária no valor de 1.000 euros, 20% do capital social."