Armando Pereira e Hernâni Vaz Antunes: conheça os protagonistas do caso Altice

Os dois protagonistas deste enredo agarraram-se a tudo aquilo que conseguiram e fizeram-se milionários. Conheça a história de Pereira e Vaz Antunes.

Nada fazia prever que Armando Pereira, dono de uma parte da Altice, chegasse a ser o homem mais rico do país. Nasceu em berço de pobre, o milionário conhecido por ser implacável no mundo dos negócios, com conhecimento profundo do setor das telecomunicações, sendo que iniciou a sua ascensão aos 30 anos, em 1985, quando fundou a Sogetrel, uma empresa especializada em instalações de redes de telecomunicações que se tornou fornecedora da France Telecom, começou a acumular riqueza, deixando para trás a sua história como um adolescente de 14 anos que emigrou para França apenas com a roupa que tinha no corpo. É que, nos anos 60, emigrou em busca de melhores oportunidades de trabalho. Começou, como qualquer emigrante, por ter teto num bidonville nos arredores de Paris. Foi servente, aprendeu o ofício de canalizador, agarrou-se a tudo aquilo que conseguiu.

A oportunidade que mudou a sua vida surgiu quando começou a instalar cabos de telefone nas valas que abria para passarem os canos. O que acabou por dar o arranque para a sua nova vida, pois percebeu que os cabos de telecomunicações passavam pelos mesmos subterrâneos. Em 1985, aos 30 anos, Armando Pereira decidiu abrir a sua própria empresa de telecomunicações, a Sogetrel, e tornou-se fornecedor da France Telecom, a maior operadora de telecomunicações de França na época. Em 1999, aos 44 anos, fez-se milionário ao vender a Sogetrel ao banco holandês ABN Amro. Casado com uma francesa com fortuna, três anos depois, em parceria com Patrick Drahi, outro self-made man, bilionário franco-israelita com ascendência portuguesa, fundou a Altice com um investimento inicial de 60 milhões de euros. A Altice expandiu-se rapidamente e tornou-se num gigante das telecomunicações, principalmente no setor de TV por cabo.

A participação exata de Armando Pereira no grupo é de 30% e é apontado como o 19º homem mais rico de França, com uma fortuna de 3,2 mil milhões de euros. Conhecido pela sua paixão por carros de rali, dos quais é um entusiasta e piloto regular. Ele também possui uma mansão em Vieira do Minho, para onde costuma viajar de helicóptero. Pereira e Drahi são amigos há mais de 25 anos. Foram leais um ao outro, embora venham de origens e níveis de educação diferentes. Foi através de Armando Pereira que Drahi entrou no mercado português, e o líder da Altice visita regularmente Portugal e já visitou Pereira no Minho.

Armando Pereira é uma pessoa tímida e discreta, que não gosta de se expor. Diz-se que recebeu instruções para falar pouco e as suas poucas aparições públicas ocorrem geralmente em inaugurações de call centers na região do Minho.

Já Hernâni Vaz Antunes é habitualmente retratado como um empresário oportunista que conseguiu criar conexões importantes para alcançar sucesso nos negócios. Emigrou para o Canadá para escapar ao trabalho agrícola, jugo dos seus antepassados, e acabou por se envolver no ramo das máquinas de diversão e videojogos, ganhando experiência nesse setor. Ao retornar a Portugal após 15 anos, tornou-se num empresário no ramo das máquinas flippers e começou a construir uma rede de contactos em cafés na região de Braga.

Antunes conseguiu acumular uma quantia considerável de dinheiro por meio de negócios imobiliários e intermediação imobiliária, ganhando notoriedade ao entrar com uma providência cautelar contra a Oi para receber uma quantia de 69 milhões de euros pela suposta intermediação na venda da PT Portugal para os brasileiros (alegadamente por ter apresentado a Altice aos então donos da PT). Assim, ganhou o cognome de “comissionista”. Pessoas que negociaram com ele relatam cheques sem fundos que eram rapidamente substituídos e estratégias de alto risco.

Em 2012, quando intermediou a compra da Cabovisão pela Altice e juntou os seus primeiros milhões, uma forte cumplicidade ligou os dois homens. Chegou-se a especular que Antunes e Pereira possuíam empresas juntos, que se tornaram grandes fornecedoras da Portugal Telecom (PT). Duas dessas empresas mencionadas foram a Tnord e a Sudtel, criadas em 2015 e posteriormente adquiridas pela Altice. Uma coisa é certa: o episódio dos 69 milhões de euros causou desconforto na sede da Altice, e Hernâni Vaz Antunes, que costumava fazer visitas frequentes a Picoas (sede da PT), passou a adotar um comportamento mais reservado.

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