Com início há cerca de dois meses, a contraofensiva ucraniana conta com quatro eixos de ataque principais, dois na região de Donetsk e dois mais a sul, em Zaporizhzhia. Um dos principais objetivos é cortar a ligação terrestre entre a Rússia e Crimeia, facilitando o ataque a navios no mar de Azov. Segundo a CNN, é nesta parte do território que a contraofensiva tem tido maior sucesso, tendo sido recuperadas várias regiões, como Neskuchne, Blahodatne, Rivnopil, Makarivka, Staromaiorske e Urozhaine.
A vice-ministra da Defesa ucraniana, Hanna Maliar, reconheceu que as batalhas em Kharkhiv têm sido difíceis mas que vários quilómetros quadrados já foram reconquistados na frente mais a leste. Maliar assegurou ainda que foram retomados cerca de três quilómetros quadrados na zona de Bakhmut, enquanto «no sul, a situação não sofreu mudanças significativas».
Já a Rússia, que tem atacado de forma sucessiva a região fronteiriça de Sumy com o objetivo de chegar a Kiev, admitiu que Moscovo foi alvo de ataques com drones, levando ao cancelamento de cerca de 50 voos do aeroporto de Vnukovo, na capital russa, segundo a Al Jazeera. O Kremlin aponta ainda a existência de dois feridos na sequência da queda de destroços de um drone, perto de uma casa moscovita.
Apesar de se registarem avanços, e alguns importantes, é de ressalvar que a contraofensiva está a ficar aquém das expectativas ucranianas e internacionais. A linha defensiva russa, que se estende por mais de mil quilómetros, das mais extensas desde a Segunda Guerra Mundial, tem sido o maior entrave para os ucranianos, juntamente com a falta de superioridade aérea. Também as características do terreno, com vastas planícies e pouca vegetação, são um ponto a favor dos russos, facilitando o processo de contra-ataque.
Ação internacional
Recentemente, Dinamarca e Holanda decidiram fornecer caças F-16 à Ucrânia, uma ação que demonstra o compromisso europeu na ajuda a Kiev. Porém, só poderão ser usados em território ucraniano, como referiu Jakob Ellemann-Jensen, ministro da Defesa dinamarquês. A Grécia também entra nesta equação e, ainda que não forneça caças, prometeu ajudar no treino e formação dos pilotos ucranianos. A notícia foi recebida com entusiasmo por Volodymyr Zelensky, que discursou em solo dinamarquês: «Tenho a certeza que vamos vencer porque a verdade está do nosso lado. A liberdade importa. A Europa importa».
Da Rússia, como seria expectável, veio uma reação condenatória. Vladimir Barbin, embaixador russo na Dinamarca, afirmou que esta decisão apenas contribuirá para o escalar do conflito.