É um livro demolidor e corajoso que trata de enfrentar os falsos mitos e ídolos que, desde o fim da Guerra Fria, servem de emblema à dita (e inexistente) comunidade internacional. O autor é Anand Gopal, repórter que se especializou na cobertura do Afeganistão, como correspondente do Wall Street Journal e do Christian Science Monitor.
O internacionalismo ideológico contemporâneo nasceu com a idade das ideologias. Com a Revolução Francesa e as suas consequências – como tão bem contou Victor Hugo, num romance que tive a sorte de ler em miúdo, Quatrevingt-treize (O Noventa e Três) –, Paris tornou-se o centro da agitação antimonárquica e anticatólica na Europa, onde convergiam e…
Fez no domingo, 9 de Novembro, 25 anos que caiu o Muro de Berlim. Eu estava em Nice e vi, na televisão, o inacreditável começo da Queda Final.
As eleições de 26 de Outubro no Brasil apresentaram um país dividido. Mas que tipo de divisão? Ideológica, social, geográfica? E com que alcance?
O que é hoje, geopoliticamente, o espaço Atlântico? A Carta do Atlântico, o Tratado do Atlântico (Norte), a própria NATO, no seu nome e no seu acrónimo, indicavam e delimitavam um âmbito político-geográfico. Era o mundo Euroamericano (Europa Ocidental, Estados Unidos, Canadá), uma comunidade de defesa militar contra o perigo então presente e imediato da…
A Alemanha foi um Estado tardio na Europa e ressentiu-se disso. As terras alemãs foram as grandes vítimas da devastação da Guerra dos Trinta Anos e, no século XVIII, as tensões entre Viena e Berlim dividiram os ‘povos germânicos’. As guerras napoleónicas também os dividiram, bastando lembrar essa singular aventura dos oficiais prussianos – incluindo…
Em Abril de 2012, nas vésperas da segunda volta da eleição presidencial que daria vitória certa ao primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior (49% dos votos na primeira), eclodiu na Guiné-Bissau um golpe militar. Carlos Gomes Jr. conseguira melhorar a reputação do país, pagar os salários da função pública, pôr a economia a crescer, reprimir o crime…
No próximo dia 15 há eleições gerais em Moçambique. Eleições para a Presidência da República e eleições para o Parlamento. Segundo os dados da Comissão Nacional de Eleições (CNE), estão recenseados cerca de 11 milhões de eleitores, que deverão eleger o Presidente da República e 250 deputados. O sufrágio é proporcional, mas os partidos para…
As atenções da luta antiterrorista estão hoje concentradas no fenómeno do Estado Islâmico, no Médio Oriente. A organização sunita radical conseguiu, em poucos meses, sair da relativa obscuridade, vencer com aparente facilidade as forças do Exército iraquiano regular e dos curdos e ocupar e aterrorizar um considerável número de quilómetros quadrados e de pessoas.
Henry Kissinger foi um dos poucos académicos e pensadores que marcou e continua a marcar a política mundial. Teve poder, como conselheiro Nacional de Segurança e secretário de Estado dos EUA, entre 1968 e 1976; mas a influência das suas ideias e escritos começou muito antes e prolongou-se até hoje.
Este Verão, além dos 100 anos que passam da Primeira Grande Guerra, passam também 75 da Segunda. Duas guerras que marcaram o século passado e, por isso, também o nosso tempo.
Quem me aconselhou a leitura de Hobsbawm foi Jorge Borges de Macedo, quando regressei a Portugal, depois da revolução, da contra-revolução, do império e do exílio. Fê-lo à sua maneira, confidenciando-me que “era um dos poucos marxistas vivos que valia a pena ler”. Estávamos no final dos anos 70 e entrávamos neste tempo de thermidor…
Jacques Benoist-Méchin, o grande historiador de Weimar, pela sua História do Exército Alemão, escreveu biografias de duas personagens-chave do Próximo e Médio Oriente. Subordinou-as a uma espécie de título geral – o Lobo e o Leopardo. O Lobo referia-se a Mustafa Kemal Atatürk, o construtor da Turquia moderna, da nação turca pós-otomana: Mustapha Kémal –…
Na Foreign Affairs de Julho/Agosto quatro articulistas revêem quatro casos controversos da Guerra Fria. What really happened é o mote e ‘Solving the Cold War’s Cold Cases’ o título. Os lugares e tempos são o Irão em 1953, o Congo em 1961, o Paquistão em 1971 e o Chile em 1973.
Uma minissérie da BBC sobre os dias que antecederam o 4 de Agosto de 1914 trouxe a um público mais alargado a recordação e meditação sobre os fios da História, essa teia de Ariana que quase sempre desfiamos da frente para trás, procurando demonstrar que o único passado que vale é o que nos trouxe…
Às vezes, na História, um acontecimento privado, um ‘factor humano’, muda muita coisa, e pode bem ser que a História da Europa, da Península e da Espanha tenham mudado com o escândalo que rebentou no dia 25 de Julho e atingiu Jordi Pujol e a sua família.
As vicissitudes e tragédias da Europa de hoje, desde a guerra de baixa intensidade na fronteira russo-ucraniana às tensões secessionistas no Reino Unido e em Espanha, lembram-nos que o euro-optimismo faz parte de um passado remoto. E que, ao Continente ou à sua porta, voltaram os conflitos e as mudanças de fronteiras. Como há vinte…
O fim da Guerra Fria trouxe uma mudança da balança do poder e do paradigma da ordem mundial, mas a hegemonia norte-americana e das suas instituições políticas e económicas não impediu e até alimentou movimentos centrífugos, assentes nas identidades histórico-culturais.
Henry Kissinger, ao tempo secretário de Estado de Nixon e Ford, sempre defendeu que, em relação à Rússia (então União Soviética) e à China, a política norte-americana deveria ser tal que as relações de Washington com Moscovo e as relações de Washington com Pequim fossem sempre melhores que as relações entre Moscovo e Pequim.