De uma assentada, o Governo anunciou mais investimento público que todos os Governos de António Costa. Além do mais, ao menos assim percebe-se para onde vão milhares de milhões da Europa.
Em poucas semanas, o primeiro presidente da AR eleito apenas para meia legislatura (e só à quarta volta) já deu mais lições de bom exercício do cargo do que os seus antecessores mais recentes. Com espírito de missão e sabedor das obrigações da função, é um verdadeiro democrata.
Em vez de se enredar em polémicas evitáveis, o PR devia ter cuidado de impedir o Governo que deixou em gestão prolongada de dar cabo em três meses da única coisa de que podia orgulhar-se: as contas certas. O bodo eleitoralista vai sair caro.
Enquanto Eanes continua a recusar o bastão de marechal, Spínola e Rosa Coutinho são agraciados às escondidas pelo Presidente da República. E assim se comemoram os 50 anos do 25 de Abril. Da liberdade, da unidade, da esperança. De um país sempre adiado.
A melhor homenagem que se pode prestar aos militares 50 anos depois de Abril é rever sem mais demoras o seu estatuto remuneratório e investir na modernização de equipamentos e recursos. O Serviço Militar Obrigatório não é solução para nada. A especialização sim.
A moeda com que a Imprensa Nacional assinala os 500 anos de Camões é uma coisa horrorosa. Faz lembrar os cartoons com que Cid retratava Balsemão, um homem sem rosto. No caso, José Aurélio, com reputada obra, só faz sobressair a deficiência do Poeta. Muito mau gosto!
Depois de António Costa, o decano dos socialistas europeus, se ter demitido na sequência da Operação Influencer, eis que a presidente da Comissão Europeia e recandidata apoiada pelo PPE, Ursula von der Leyen, vê a procuradoria da UE chamar a si a investigação sobre o negócio da compra de vacinas Pfizer durante a pandemia.
A direita desbaratou a maioria de 140 deputados na AR conquistada nas eleições de 10 de março, deixando-se apanhar na curva pela esquerda unida. Começar pior era impossível.
A TV é o espelho do país. E o sinal dos tempos é que, num ápice, os painéis de comentadores passaram a contar com gente do Chega, de Pedro Pinto a Diogo Pacheco de Amorim. A não eleição de Augusto Santos Silva não é um fait-divers destas eleições. É um marco, e histórico.
Em política, a futurologia vale o que vale. Se, como está visto, a maioria absoluta não é garante de estabilidade para uma legislatura, também um Governo minoritário não está necessariamente condenado a uma interrupção precoce ou antecipada do respetivo mandato.
António Costa anda feliz. Depois do que lhe aconteceu, só pode ser de alívio por ver chegada a hora de entregar a outro a liderança de um país envelhecido, com índices de pobreza vergonhosos, serviços públicos falidos e uma economia subsidiodependente. De fugir.
Como disse o Presidente Marcelo há quase um ano, fixem este dia. Porque se nem António Costa nem Pedro Passos Coelho morrem de amores por Pedro Nuno Santos ou Luís Montenegro e entraram na campanha, foi na deles… a das presidenciais de 2026.
Haverá outra profissão em que 90% dos avaliados têm ‘Bom’, ‘Bom com Distinção’ ou ‘Muito Bom’? Então são tão poucos os magistrados menos bons ou maus em Portugal? A reforma da Justiça tem de começar pelo CEJ, ou pela sua extinção. Um tribunal não é um coliseu.
Se os debates na TV são relevantes – e dos mais esperados já só falta o maior, entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos – e as sondagens antecipam (mais do que resultados) tendências, as eleições de março confirmarão uma viragem à direita, com uma vitória da AD e o reforço substancial do Chega. Sente-se.
Pedro Nuno Santos pode ter sido injustamente atacado na sua seriedade. Mas adianta-lhe de muito pouco afirmá-la. Um candidato a primeiro-ministro não tem só de sê-lo, tem também de parecê-lo. Aliás, como quem vive de atirar pedras aos telhados dos outros.
Passaram-se 7 dias e há arguidos detidos na Madeira que ainda não foram sujeitos a 1.º interrogatório perante um juiz. O presidente do Governo da Madeira demitiu-se, mas não é bem assim. A Constituição proíbe a dissolução da Assembleia Regional, mas ninguém quer saber.
‘Quem esperava uma rutura com o passado estava enganado’. São elucidativas as palavras de Pedro Nuno Santos no final da aprovação das listas para as legislativas de 10 de março. A renovação só começará a partir daí. Em qualquer dos casos. E será feita com tempo.
As regionais nos Açores, a 4 de fevereiro, poderão ter uma influência inusual no resultado das legislativas nacionais do mês seguinte. A esperança da AD é que José Manuel Bolieiro consiga a maioria absoluta e os ventos de feição cheguem ao continente. O PS conta com o Chega.
A Europa já fala em Mario Draghi, mas, por cá, o ex-presidente do BCE só terá hipótese se o nosso António Costa não quiser o lugar que Charles Michel se apressou a vagar para o ex-líder do PS. Como se a Europa fosse uma união de ‘repúblicas das bananas’.