Ex-assessor de Sócrates investigado

Os investigadores da Operação Marquês suspeitam que Vítor Escária, antigo assessor económico de José Sócrates, tenha sido um angariador de negócios para o ex-governante durante os seus dois mandatos e mesmo depois de ter saído do Governo. Ou seja, era ele quem, nos bastidores dos ministérios, fazia a ponte com o mundo empresarial.

Ex-assessor de Sócrates investigado

Vítor Escária, um dos 12 peritos escolhidos por António Costa para fazer propostas para o próximo programa eleitoral do PS, esteve nos encontros que culminaram com a construção de habitações na Venezuela pelo Grupo Lena e fez contactos com a Presidência de Moçambique, a pedido de José Sócrates. Ao que o SOL apurou, esteve meses sob escuta e foi alvo de buscas em Março. 

Escária acompanhou Sócrates desde o primeiro mandato e só saiu depois de negociar o memorando de entendimento com a troika, em 2011. No gabinete do ex-primeiro-ministro, era o assessor para a área económica, juntamente com Óscar Gaspar. A preparação das visitas ao estrangeiro estava entre as suas incumbências, pois tinham uma forte componente de negócios e contactos com empresas.

Foi o que aconteceu em 2010, quando Sócrates visitou a Venezuela. Os investigadores acreditam que esta viagem e as diligências do ex-primeiro-ministro desbloquearam o impasse entre o Grupo Lena e o regime de Hugo Chávez na adjudicação de obras. Vítor Escária fez os contactos preparatórios da visita e esteve envolvido nas negociações de protocolos de cooperação entre Chávez e Portugal. Foram então assinados 19 novos acordos com empresas portuguesas, sendo o mais ambicioso o da construção de casas nos arredores de Caracas, com a construtora Lena – que o Ministério Público suspeita ter pago milhões de euros de 'luvas' a Sócrates, nesses anos.

Ao SOL, Vítor Escária admite: “Estive envolvido no processo da Venezuela, mas só quando se dá a visita é que o Grupo Lena nos pediu apoio para a celebração do contrato. Mas foram celebrados dezenas de contratos e passaram todos pelas minhas mãos”.

Leia este artigo na íntegra na edição em papel do SOL, já nas bancas

felicia.cabrita@sol.pt

joao.madeira@sol.pt