É capaz de ser a inimizade mais marcante na política portuguesa da primeira década do século XXI.
Há 13 anos, Jorge Sampaio, Presidente da República, dissolveu a Assembleia da República e provocou a perda de maioria absoluta que Pedro Santana Lopes detinha no Parlamento.
O primeiro-ministro que herdara o cargo quando José Manuel Durão Barroso preferira a Comissão Europeia é substituído nas urnas por José Sócrates. O resto, até hoje, não foi exatamente bonito.
Este ano, as versões do que aconteceu nesse tempo voltaram a entrar em conflito, com Sampaio a revelar em biografia autorizada que se ‘fartara’ de Pedro Santana Lopes («Fartei-me do Santana como primeiro-ministro, estava a deixar o país à deriva») e que «agora faria o mesmo», e Santana a ripostar, acusando a sua ‘nemésis’ de «peso na consciência» e desafiando-a para um debate, que acabou por não suceder.
No entanto, o histórico socialista e o veterano social-democrata parecem ter amenizado tensões. Ao que o SOL apurou, a filha de Jorge Sampaio entrará para os quadros da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, da qual Santana Lopes é Provedor, para ser assessora do vice-provedor.
O aceno de Santana
«É claro que ela [Vera Sampaio] vai trabalhar como um vice-provedor próximo do PS – como sabe, toda a mesa da Santa Casa é de nomeação governamental – mas também é claro que isso não acontecia sem o conhecimento e o devido ‘aceno’ do Provedor», esclarece ao SOL fonte próxima do processo, preferindo o anonimato.
Vera Ritta Branco de Sampaio, advogada de 40 anos, já servira como adjunta do ministro Pedro Silva Pereira, no Governo chefiado por José Sócrates. Também já deu aulas no circuito universitário. A Santa Casa é o novo destino profissional. E o local onde se enterrou o machado de guerra entre um ex-primeiro-ministro e um ex-Presidente. Até à próxima biografia?
Progressões ordinárias voltam à Santa Casa
Ontem, em comunicado da instituição à imprensa, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa anunciou que desbloqueará as progressões ordinárias das carreiras dos colaboradores da instituição num esforço financeiro de cerca de 2,3 milhões de euros e abrangendo mais de 1800 trabalhadores com destaque para as áreas da Ação Social e da Saúde.
As progressões achavam-se bloqueadas há sete anos e a instituição promove a política «de modo a completar aquilo que se iniciou em janeiro de 2016, com a progressão extraordinária que abrangeu cerca de 1600 trabalhadores e que teve um impacto de cerca de 2 milhões de euros».