Braço-de-ferro agita bloquistas

A moção de censura do BE continua a fazer estragos… mas dentro do próprio Bloco. Luís Fazenda (com Louçã e Portas) um dos três homens fortes do partido, não gostou das críticas de Daniel Oliveira à moção e, em artigo de opinião no portal do BE, desafiou o militante histórico a ir ao congresso confrontar…

o desafiado quis responder no portal (esquerda.net), mas o secretariado do partido não deixou. daniel queixa-se de discriminação (só o deixaram colocar a réplica no site bloco.org, de informação interna e com audiência mais restrita).

no texto, que também publicou no blogue arrastão, daniel oliveira diz que fazenda alimenta uma «luta de facções» e sugere que o ex-dirigente da udp está a tentar fazer uma «clarificação interna». nunca se tinha visto nada assim: uma discussão aberta entre elementos de tendências que governam o bloco.

a subida de tom da polémica começou no sábado: luís fazenda, irritado com as críticas públicas de daniel oliveira nas televisões e jornais, desafiou-o a apresentar uma moção de estratégia na convenção (congresso) do partido. «quem quer debate geral no partido recolhe 20 assinaturas e vem a jogo», atirou neste artigo, em que tenta passar uma imagem de unidade na direcção (que integra os ‘pais fundadores’ do be, ex-líderes da udp, psr e os ex-comunistas da política xxi, vindos do pcp). tentou assim isolar daniel oliveira e diminuir o peso das vozes críticas. com uma escrita mordaz.

«quando os instalados ‘comentadores’ falam do be como um todo, e até alegam crises internas (diabo!), convém perceber, é o mínimo, o peso das coisas e das pessoas», ironizou fazenda. e termina as ‘farpas’ contra oliveira, recordando uma militante caída em desgraça: «os media não dão cartão de eleitor no bloco, como se viu bem pelo ‘caso’ joana amaral dias» (uma referência à não reeleição da ex-deputada para a mesa nacional).

cinco dias depois, daniel oliveira respondeu à letra. acusou fazenda de «atropelo democrático às regras democráticas do partido», por querer corrigir no congresso a falta de discussão da moção de censura – que não foi apresentada na mesa nacional (o órgão alargado do be). o militante e comentador sugere que fazenda está a tentar impor-se aos outros dirigentes, ao tentar fazer «uma clarificação interna», uma «separação de águas».

devolvendo «o desafio» a fanzenda, insta-o a avançar «com teses próprias, explicitando essa clarificação política interna». e não deixa sem resposta a referência («deselegante») a joana amaral dias.

joão semedo, dirigente do be, que como oliveira integra a tendência política xxi, tenta baixar a temperatura: «daniel oliveira pode criticar, mas também tem que aceitar que critiquem as suas opiniões», disse ao sol. um sinal de que oliveira pode ficar, nesta polémica, a correr por fora.

manuel.a.magalhaes@sol.pt