Direitos adquiridos

A declaração do primeiro-ministro, sexta-feira passada, não foi feliz, só pelo imenso coro de críticas que gerou dentro dos próprios partidos da coligação governamental.

para já não falar de que contrariou uma declaração do presidente da república feita nesse mesmo dia.

quero fixar-se só em dois aspectos. primeiro: como é que o primeiro-ministro avança medidas para 2013, antes de explicar como resolverá o falhanço da sua politica, ou das suas projecções, em 2012?

segundo aspecto: como é que o governo continua a considerar que as empresas têm direitos adquiridos, que não é possível tornear sem negociações e acordos, e não reconhece os mesmos direitos aos trabalhadores? ou quererá apenas entrar numa guerra sem quartel com os tribunais (mesmo que o constitucional não chumbe o oe 2013, tudo indica que os restantes tribunais tenderão a dar razão a processos interpostos por trabalhadores)?

passos esteve sempre contra a medida do bce que os seus consideram agora salvífica. terá de vir de fora a imposição de serenidade? mas a troika, apesar de algum dos seus elementos parecer mais aberto, não é capaz de desistir também das suas posições ideológicas, por muito que elas esbarrem na realidade.

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