Facebook

Para quem não é adepto das redes sociais, é estranho ver tanta gente com telemóvel na mão a altas horas da madrugada.

ainda por cima uma boa parte daqueles que andam pelas discotecas e se agarram ao aparelho, não o fazem para falar directamente com amigos ou potenciais namoros. fazem-no para entrar na página restrita do facebook que tem acesso à ‘rede’ de operações stop da polícia. o facto não é novo, mas não pára de ganhar adeptos. o ritual tem a sua graça. «vou beber um copo à discoteca x, mas já cá volto. a polícia está na rua y, por isso não há problema», é uma frase repetida vezes sem conta durante a noite.

para quem pensa que a história é linear, às vezes, surgem as surpresas. em primeiro lugar, porque as brigadas quando montam arraiais há sempre alguém que é apanhado, antes de ter tempo de sinalizar a operação stop para os restantes membros do ‘clube’. em segundo, as polícias começam a entrar no jogo e, muitas vezes, colocam-se em locais pouco habituais para apanhar uns tantos. quando percebem que já estão devidamente identificados, optam por colocar o estaminé noutra avenida. e andam nesta luta a noite toda, numa espécie de jogo do gato e do rato. utilizam pequenas equipas que não têm o espalhafato de dez brigadas, surpreendendo os mais ‘confiançudos’.

por outro lado, para fugir à polícia, há quem opte por contratar taxistas que fazem de batedores. percorrem o percurso pretendido e vão dizendo ao cliente se pode avançar ou não. os clientes são aqueles que dizem precisar do carro bem cedo e que, por isso, não se importam de correr o risco de conduzirem alcoolizados.

mas nem todos são pecadores. vejo – não muitos, é certo – quem opta por deixar pura e simplesmente o carro à porta da discoteca ou do bar até ao dia seguinte, para não arriscar ser apanhado. também um número ainda mais reduzido, escolhe uma vítima que não beba e que faça de bom condutor.

acredito que há muito boa gente que está em condições de conduzir depois de beber dois ou três copos, mas também é um facto que a principal causa de morte em portugal, na faixa etária que vai dos 18 aos 25 é, precisamente, a sinistralidade rodoviária. muitos desses acidentes são provocados pelo excesso de álcool. essa é a triste realidade.

vitor.rainho@sol.pt