Gijon. Dois portugueses ficam em prisão preventiva por violação

Os outros dois suspeitos da violação de duas espanholas ficam em liberdade, mas proibidos de se aproximarem das vítimas.

Dois dos quatro portugueses acusados de terem violado em grupo duas espanholas, de 22 e 23 anos, em Gijón, no norte de Espanha, vão aguardar julgamento em prisão preventiva. Após o primeiro interrogatório, o Ministério Público espanhol pediu a prisão preventiva para dois dos detidos por suspeita de violação, sem possibilidade de fiança, que o tribunal de Gijón acabou por decretar ao fim da tarde de segunda-feira.

Os outros dois arguidos saíram em liberdade, e poderão voltar a Portugal, avança Germán Inclán, advogado oficioso dos portugueses, citado pelo jornal espanhol El Comercio, mas com a proibição de se aproximarem das vítimas, e mantendo a disponibilidade perante a Justiça espanhola. Germán Inclán reclama a inocência de todos, considerando que a falta de lesões físicas é a prova do consentimento das relações.

Os suspeitos, todos eles entre os 20 e os 30 anos de idade, afirmam que as relações sexuais com as duas jovens espanholas em causa foram consentidas e que as conheceram através das redes sociais. Os quatro estiveram presentes, na segunda-feira, no Palácio da Justiça de Gijón, onde as alegadas vítimas procederam ao reconhecimento facial dos mesmos. Os arguidos negam também ter realizado qualquer agressão física.

A Denúncia Eram 6h30 da manhã de sábado quando as duas cidadãs espanholas – uma de Gijón e uma do País Basco – se dirigiram às autoridades locais para relatar a alegada violação de que teriam sido vítimas nessa noite. Pouco tempo depois, os portugueses – que ainda estavam no quarto onde terão acontecido as violações – foram detidos. 

As duas mulheres ter-se-ão encontrado num bar com um dos quatro homens, com o qual tinham contactado previamente através das redes sociais, avança o El Comercio. Os quatro suspeitos, naturais de Braga, tinham chegado à cidade na sexta-feira, e estavam hospedados no hotel Albor.

Após algum tempo de conversa no bar, o português e as duas jovens espanholas ter-se-ão dirigido ao hotel onde o mesmo estava hospedado e, pelo caminho, ter-se-á juntado um segundo indivíduo, também português. 

Ao chegarem ao alojamento, estariam mais dois portugueses à espera, sendo que os quatro, segundo acusam as jovens, as terão obrigado a manter relações sexuais com todos. Durante a manhã de ontem, o advogado oficioso que representa os portugueses afirmou ter provas contundentes da sua inocência.

Choque geral  O caso fez soar alarmes, especialmente em Espanha, onde, a 6 de julho, foi aprovada a lei da liberdade sexual, que pune precisamente o sexo não consentido. 

A Plaza Mayor de Gijón foi palco de uma manifestação organizada pelo Conselho de Mulheres de Gijón para apoiar as alegadas vítimas desde crime sexual, que juntou centenas de pessoas. “Queremos que seja visto que é um crime, um atentado que terá consequências”, gritavam as manifestantes.

Em forma de reação, o próprio presidente do Principado das Astúrias – que marcou presença na manifestação na Plaza Mayor – tinha-se já expressado sobre o assunto, através de um tweet. “O machismo ataca e mata, é um atentado à liberdade das mulheres. A minha condenação total e absoluta pelo abuso múltiplo em Gijón, com quatro jovens detidos por abusar sexualmente de duas mulheres”, escreveu Adrián Barbón, na mesma onda da delegada do Governo espanhol nas Astúrias, Delia Losa.

“Quero expressar a minha condenação absoluta pela agressão sexual às duas mulheres ontem à noite, em Gijón. É desprezível e abominável. Mais uma vez, um grupo de homens usa a sua posição de poder para intimidar e agredir duas mulheres. Apenas sim é sim”.