Menezes aconselha Portas a ter ‘tento na língua’

O ex-líder do PSD Luís Filipe Menezes aconselhou hoje Paulo Portas a ter «um bocadinho de tento na língua», reafirmando que o líder do CDS não está «livre de responsabilidades» do ponto de vista do sucesso da governação.

«paulo portas tem de ter um bocadinho de tento na língua e da nossa parte terá a mesma posição porque o estimamos», afirmou menezes em gaia à margem do lançamento do segundo livro do clube dos pensadores.

o social-democrata reagia assim às críticas trocadas este fim-de-semana por dirigentes partidários, acrescentando que «quanto à hipersensibilidade, como a de antónio pires de lima, é preciso que seja recíproca».

«não pode haver hipersensibilidade mas na véspera ficar calado quando paulo portas apelidou todos os autarcas do psd de caciques pouco recomendáveis», salientou.

sobre o cds, referiu ser «um partido tradicionalmente do nosso espaço político, tanto que teve e tem alianças com o psd em autarquias», acrescentando sobre paulo portas que «é uma pessoa estimável, inteligente e séria».

«contudo, nem paulo portas nem os militantes do cds podem levar a mal que sejamos contundentes com clareza», sublinhou, explicando que «nesta altura em que é patriótico afastar sócrates, o bloco não socialista não se deve dividir de forma a que lhe dê uma oportunidade».

luís filipe menezes reiterou que «entre o candidato a primeiro-ministro pedro passos coelho e o candidato do outro partido não socialista há uma diferença: pedro passos coelho nunca esteve no governo».

já paulo portas «esteve com o psd em governo de coligação, que não esquecemos, mas que reconhecidamente não foi bem sucedido».

«afirmei que do ponto de vista do sucesso da governação, paulo portas não estava livre de responsabilidades e volto a afirmar. mas isso não significa que o psd com larga maioria não esteja aberto a entendimentos à direita e à esquerda», disse.

menezes criticou ainda as nomeações feitas pelo governo de gestão, considerando ser «um sinal de desqualificação da democracia» feito «a pensar no futuro e na protecção das suas clientelas».

o livro hoje apresentado em gaia é o segundo do clube dos pensadores, fundado há mais de cinco anos por joaquim jorge para «dar voz a quem se quer fazer ouvir».

ao longo de mais de 250 páginas, a obra, que conta com um depoimento de paulo portas, analisa a governação de josé sócrates, desde setembro de 2009 até junho de 2010.

lusa/sol