ONU: 768 milhões de pessoas no mundo não têm água potável

A ONU estimou hoje que 768 milhões de pessoas ainda carecem de água potável, quatro anos depois de se atingir o Objectivo de Desenvolvimento do Milénio, ao reduzir-se para metade a proporção de pessoas sem acesso a água.

Em nota hoje divulgada, na véspera do Dia Mundial da Água, que assinala sábado, o Fundo da ONU para a Infância (Unicef) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimaram que “1.400 crianças menores de cinco anos morrem diariamente de doenças diarreicas associadas à falta de água potável, saneamento e higiene adequada”.

“Toda a criança, rica ou pobre, tem o direito de sobreviver, o direito à saúde, o direito a um futuro”, disse chefe dos Programas de Água, Saneamento e Higiene do Unicef, Sanjay Wijesekera, citado num comunicado daquela agência, a que a Lusa teve acesso.

Para Sanjay Wijesekera, “o mundo não deveria descansar até que cada homem, mulher e criança tivesse a água e saneamento que lhe corresponda por tratar-se de um direito humano”.

A meta estipulada nos Objectivo de Desenvolvimento do Milénio para a água potável foi conquistada e superada em 2010, quando 89 por cento da população mundial conseguiu ter acesso a fontes melhoradas, designadamente água canalizada, furos equipados com bombas e poços protegidos.

“Alcançámos uma meta importante, mas não podemos ficar-nos por aqui”, disse na altura o Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ao frisar que a Assembleia-geral das Nações Unidas reconheceu a água potável e o saneamento como direitos humanos, o que significa que é preciso “assegurar que todas as pessoas tenham acesso aos mesmos”.

A agência da ONU para a Infância refere que as mulheres e raparigas, sobre quem “recai 71 por cento dos encargos de recolha de água potável para consumo”, são “desproporcionalmente afectadas pela falta de acesso à água potável”.

De acordo com a nota, o Fundo da ONU para a Infância conta com Programas de Água, Saneamento e Higiene em mais de 100 países, e novas iniciativas, nomeadamente a construção de furos a custos efectivos e planificação comunitária na gestão da qualidade de água, têm levado água potável para as famílias vivendo em regiões mais isoladas.

“Desde 2012, por exemplo, o UNICEF usou furos perfurados manualmente no Paquistão para fornecer água potável para cerca de 100 mil pessoas. Apoiados pelo UNICEF, os Programas de Água, Saneamento e Higiene nas escolas, trouxeram infra-estruturas seguras de água, saneamento e higiene para milhões de crianças em idade escolar em todo o mundo”, garante a agência.

Esta semana, a UNICEF lançou uma campanha global a apela para que se tomem acções a favor dos 768 milhões de pessoas sem acesso à água potável.

Lusa/SOL