País à rasca

Comentadores prevêem a interrupção do ciclo de gerações a sucederem-se com enriquecimento geral. Daí a autoproclamada geração à rasca.

o problema é a geração à rasca não ver que é todo o país que está mal. as próprias gerações anteriores têm tanta gente no desemprego que parece absurdo culpá-las hoje pela falta de ofertas de trabalho.

a insegurança laboral, ao contrário das promessas liberais, não tem gerado empregos. as empresas habituaram-se a explorar ao máximo os seus trabalhadores, com cargas horárias que impedem a criação de empregos. a crise de 2008 ainda não passou, e já os seus responsáveis aí estão outra vez, seguros daquela receita que, pelo menos a eles, enriquece. o filme-documentário inside job mostra que o próprio obama foi buscar para a área económica os mesmos que provocaram a crise na era de bush.

em portugal, um primeiro-ministro videirinho (desde o curso aos projectos beirões, e etc.) vai-se mantendo, apesar de geralmente desprezado, porque não se alcança uma alternativa (entre um psd igual ao ps, um cds bastante parecido, um be apenas fracturante e um pcp obsoleto). nem se põe a inspecção de trabalho a impedir o excesso de cargas horárias – o que poderia animar a economia, mas desanimaria os gurus do liberalismo global.

panunciacao@sapo.pt