este ano o lema escolhido internacionalmente para assinalar a efeméride está relacionado com os direitos humanos, muitas vezes ainda esquecidos em relação aos doentes com sida, segundo as organizações que estão no terreno.
«esta doença tem um estigma e uma discriminação muito mais sentida do que qualquer outra. existe ainda a ideia de que se tens sida foi porque quiseste ou tiveste um comportamento que não deverias ter e estás a ser penalizado por isso», disse à agência lusa a presidente da liga portuguesa contra a sida (lpcs).
eugénia saraiva adiantou que em relação ao tratamento destes doentes já houve vários avanços, mas «ainda há muito a fazer para lutar contra a discriminação».
esta opinião é sustentada pela presidente da associação abraço: «a nível da discriminação não mudou nada em portugal».
margarida martins contou à lusa um caso que aconteceu há duas semanas numa escola, onde a associação de pais queria «denunciar que estava uma criança com sida na escola».
ao fim de três décadas do aparecimento da doença, margarida martins lamentou que ainda aconteçam estes casos.
no dia mundial da sida, a presidente da abraço deixou uma mensagem: «queria que as pessoas se lembrassem que a sida existe e que fizessem rastreios para os seropositivos recorrerem mais cedo aos médico».
também o coordenador nacional para a infecção pelo vih/sida quis deixar mensagens para distintos destinatários.
«para a população em geral é não esquecer que as relações sexuais, principalmente as ocasionais, nunca podem ocorrer sem preservativo e que, independentemente do seu estilo de vida, é fundamental que façam o teste para programar o seu futuro», aconselhou henrique barros.
para as pessoas que utilizam drogas, nem que seja a primeira vez, nunca partilhem uma seringa e para a indústria, que é uma «parte fundamental» neste processo, devem baixar os preços dos medicamentos anti-retrovirais.
para alertar para esta doença vão decorrer hoje em portugal várias iniciativas, com enfoque no acesso à prevenção e tratamento como direitos universais.
uma das acções é a inauguração do projecto «encosta a sida à parede», em leça da palmeira, que consiste num ‘graffiti’ alusivo à prevenção da infecção e que será replicado noutras cidades em 2011.
a lpcs inaugura a exposição “20 anos, 20 laços”. trata-se de 20 laços vermelhos vestidos por 20 estilistas portugueses que utilizam o símbolo da luta contra a sida para criar peças de moda.
a associação casa – centro avançado de sexualidades e afectos realiza a segunda vigília em memória das vítimas da sida – pelo fim da estigmatização, que decorrerá em frente à câmara do porto.
já a abraço lança o livro crónicas de um vírus – aparecimento e evolução do vih/sida 1930-2010, com o prefácio do médico kamal mansinho, cujas receitas revertem a favor do programa “abc ser criança” da abraço.
no mundo inteiro pelo menos 25 milhões de pessoas já morreram com sida e mais de 33 milhões vivem com a infecção. actualmente em portugal estão 22 500 doentes em tratamento e há 42 mil infectados.
lusa/sol
