Yupido está sob investigação de quatro instituições

Depois da OROC, Polícia Judiciária e Ministério Público, CMVM analisa o capital da empresa.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) assumiu ontem que está a analisar o caso Yupido. Depois da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC), da Polícia Judiciária (PJ) e do Ministério Público terem afirmado que investigam o capital social de quase 29 mil milhões de euros da empresa portuguesa de tecnologia, a CMVM garantiu estar a “promover as diligências adequadas” em relação à Yupido, que se diz disponível para esclarecer qualquer assunto com a PJ.

“Tratando-se de revisor oficial de contas registado na CMVM, este é acompanhado pela CMVM no âmbito das suas atribuições e competências”, revelou ao ao “Negócios” o regulador presidido por Gabriela Figueiredo Dias. A autoridade que supervisiona os revisores oficiais de contas diz que “estão já e vão ser desenvolvidas as acções e diligências adequadas”, uma vez que o revisor oficial de contas que validou o aumento de capital da empresa, António Alves da Silva, está “registado na CMVM” e “é acompanhado pela CMVM no âmbito das suas atribuições e competências”.

Foi o aumento de capital que colocou a Yupido na agenda. Constituída em julho de 2015 com um capital social de 243 milhões de euros, em fevereiro de 2016 teve um aumento de capital de 28,5 mil milhões de euros em espécie, resultado da incorporação de um “ativo intangível”.

A OROC considera que a “realização de uma avaliação de entrada em espécie por valor elevado configura uma operação muito atípica”.  Este ativo foi validado por António José Alves da Silva, um revisor oficial de contas, que se lembrou de Steve Jobs – fundador da Apple – quando fez a avaliação. No entanto, o revisor oficial de contas da Yupido, José Luís Freire Rito, terá levantado dúvidas a esta avaliação.

 

Patentes

Quando uma empresa é criada é definido o capital social: o valor investido pelos sócios ou acionistas e os bens que a integram. Os aumentos de capital podem ser por incorporação de mais dinheiro ou de bens. Estes podem ser tangíveis (ex: carro) ou intangíveis, como uma patente.

Citado pelo “Eco”, o porta-voz da tecnológica revela que esta “não é uma empresa fantasma”, que a plataforma está “praticamente a funcionar” e que quer registar 42 patentes. Para além disso está disponível para falar com a PJ.

“Já comunicámos à PJ, enviámos um email e vamos enviar também uma carta registada, a disponibilizarmo-nos para esclarecer qualquer assunto que a PJ possa ter. Para nós, também é fundamental esclarecer que não temos rigorosamente nada com que nos preocupar, porque foi tudo feito dentro da regularidade e não cometemos nenhum crime”, apontou Francisco Mendes, que alegou confidencialidade para não explicar o trabalho específico da  empresa, trabalho este que garante a avaliação.

Já o Ministério das Finanças, também ao Eco, invocou “sigilo fiscal” para não informar se está, ou não, a investigar o aumento de capital da Yupido.