Não deixa de ser a homenagem possível, e mostra o muito que nos falta para chegarmos a coincidir com o balanço transgressivo e a força de libertação de uma das nossas aventuras artísticas mais pregnantes.
O culto de mortificação que se constrói hoje de forma simétrica ao regime da consagração literária voltou a ser exposto quando os jovens editores de uma revista literária sentiram necessidade de ir buscar uma banalíssima composição inédita de Fernando Pessoa para obterem um destaque nos jornais.
Mais do que lançar o navio de espelhos no seu caminho, no centenário do poeta que suportou todo um porto clandestino contra adversidades absurdas, lembramos ainda Cesariny como esse antagonista central face a uma cultura perpetuamente enlutada, aquele que melhor confrontou, sem se deixar devorar, esse buraco negro em que Fernando Pessoa e os seus…
No centenário do poeta, é bom lembrar como lhe devemos algumas das raras avenidas sem retrocesso que foram abertas no nosso idioma, e as suas imagens que riscaram em qualquer cela ou muro os horizontes mais esfuziantes, numa ânsia de escapar desta terra desolada que fez da língua que falamos uma das que hoje têm…
Uma nova antologia, belíssimamente ilustrada, em jeito de homenagem, com pinturas e desenhos de Cruzeiro Seixas, oferece-nos uma panorâmica abrangente e talvez excessivamente inclusiva das representações do homoerotismo na poesia portuguesa desde os cancioneiros medievais galaico-portugueses até aos dias de hoje.
Se já lhe tocou a noção de que «uma angústia em chinelos [pode ser] grandiosa como um título de jornal», talvez seja este o seu poeta, aquele que o pode reconciliar com a velha arte, a que se evadia dos salões para dar o ouvido ao ocasional «rouxinol dos desvãos do mundo».
A Relógio D’Água cicatriza finalmente uma das maiores lacunas no meio editorial português, publicando a obra reunida do miúdo a quem chamaram um «místico em estado selvagem»
Deste poeta-pintor sempre se pôde esperar o inesperado. Figura maior do Grupo Surrealista de Lisboa, insurgiu-se contra o seu próprio nome, recusando uma identidade socialmente imposta para se assumir enquanto poeta, para viver livremente em poesia
CCB acolhe uma pequena mostra antológica da obra plástica de Cesariny num ano em que uma série de evocações tentarão retribuir os anos roubados à grandeza de um artista obrigado a dobrar-se por causa do tecto muito baixo do país.
Estreia hoje um diálogo entre dois vultos decisivos do nosso surrealismo, num desencontro assombrado que da vida passa ao cinema, com “As Cartas do Rei Artur” e o mais antigo e agora recuperado “Autografia”
Texto lido hoje por José Manuel dos Santos na cerimónia que assinalou a transladação dos restos mortais de Cesariny de um gavetão anónimo para um jazigo individual no Cemitério dos Prazeres dez anos depois da sua morte
A cerimónia assinala o 10.º aniversário da morte do artista plástico
Dez anos depois da estreia do filme “Autografia – um retrato de Mário Cesariny”, de Miguel Gonçalves Mendes, foi apresentada ontem em Lisboa a reedição do livro “Verso de Autografia”, uma conversa entre o realizador e o poeta e pintor surrealista. A reedição do livro, um exclusivo Fnac à venda desde ontem, tem prefácio de…
Oito anos depois da morte de Mário Cesariny (26 de Novembro de 2006), a herança de um milhão de euros que o poeta e pintor surrealista deixou à Casa Pia está por utilizar.