o-arco-e-a-flecha


  • «Nem de uma única linha»…

    Em declarações aos jornalistas na quarta-feira, em Roma, onde se encontrava para participar num encontro internacional, Cavaco Silva foi taxativo. A sua intervenção de 22 de outubro, quando indigitou Passos Coelho como próximo primeiro-ministro, «foi muito clara e não estou arrependido nem de uma única linha de tudo aquilo que disse». Obviamente, contestou as opiniões…

    «Nem de uma única linha»…

  • À espera de Godot

    Tal como as personagens patéticas da peça de Samuel Beckett, confesso que também estive À Espera de Godot ao longo da passada quarta-feira. Mas havia uma diferença essencial. Essas personagens mantinham, apesar de tudo, a esperança absurda de que o enigmático Godot acabaria por aparecer, justificando, assim, uma interminável espera. A mim não restava sequer…

    À espera de Godot

  • A democracia bloqueada

    A persistência invulgar do número de indecisos – por muitas dúvidas que nos suscitem as tracking polls e sondagens realizadas nas últimas semanas – mostra a desorientação e o desamparo de grande parte do eleitorado perante as escolhas que lhe são propostas no próximo domingo. Porventura nunca como agora, em vésperas de eleições, tantos portugueses…

    A democracia bloqueada

  • Abusos de confiança

    Para além da polémica que suscitou um cartaz socialista de estilo grosseiramente kitsch nesta época de pré-campanha, a palavra “confiança” não constitui uma novidade na propaganda eleitoral. Pelo contrário, apareceu sucessivamente em cartazes de António Guterres (“Um voto de confiança”), Durão Barroso (“Mudar com confiança”) e José Sócrates (“Força e confiança”). Há, pois, confiança a…

    Abusos de confiança


  • De olhos bem fechados

    Baltimore? Ferguson? Simplesmente Lisboa (ou, noutra escala, Guimarães). As imagens de violência urbana que os directos das televisões nos fizeram entrar pela casa dentro na madrugada de segunda-feira tinham um carácter de tal modo inusitado em Portugal que deixaram muita gente surpreendida e até estupefacta. O mito do país dos bons costumes saía de cena…

    De olhos bem fechados

  • Uma questão de carácter

    Há quem pense que as questões de carácter devem ser estranhas aos juízos sobre o comportamento dos actores políticos. Ora, sem cair em moralismos serôdios, não parece possível acreditar – e, já agora, votar – em alguém cujo carácter não ofereça garantias de lisura ou coerência de procedimentos e, pelo contrário, se distinga pela dissimulação,…

    Uma questão de carácter

  • Cabeças perdidas

    Anda por aí muita gente de cabeça perdida e não apenas na crónica negra da violência doméstica cujos episódios de horror se repetem a um ritmo e com uma semelhança inquietantes (um homem assassinou, esta semana, quatro familiares num café da Póvoa de Varzim, devido a uma disputa de partilha de bens). 

    Cabeças perdidas

  • Horror e amnésia

    Um homem matou com uma facada no coração um filho de seis meses, em Linda-a-Velha, por represália contra a mulher que não queria viver mais com ele. Outro homem matou à pancada uma enteada de dois anos, em Loures, depois de agressões continuadas contra um irmão da vítima. Os dois acontecimentos ocorreram quase em sequência,…

    Horror e amnésia



  • Um vazio perigoso

    Este artigo de opinião foi originalmente publicado na edição impressa do SOL, no dia 13 de Março

    Um vazio perigoso

  • Definitivos e provisórios

    Ter opiniões definitivas, apaixonadas, militantes, sobre compromissos inevitavelmente provisórios, é o caminho mais curto para perder o equilíbrio, a lucidez e o sentido das proporções. Assim, o acordo registado esta semana entre a Grécia e as instituições europeias não é comparável a um desafio de futebol entre rivais irredutíveis, cujo desfecho imaginário só poderia ser…

    Definitivos e provisórios

  • A Europa no espelho grego

    Enquanto na Ucrânia se confirmava o fracasso, aliás totalmente previsível, do segundo acordo de Minsk, apesar das noites em branco de Merkel e Hollande e do seu diálogo (de surdos, conforme se antevia) com o imperturbável Putin, outro confronto menos bélico mas igualmente perigoso mantinha-se em aberto entre o Governo grego e a Europa alemã.…

    A Europa no espelho grego


  • 11 de Janeiro

    O 11 de Janeiro foi a resposta ao 11 de Setembro francês – aos massacres na redacção do Charlie Hebdo e num supermercado judaico em Paris. Foi um «Maio de 68 da sensibilidade» como lhe chamou Jacques Julliard, referindo-se às impressionantes manifestações populares: «Desconhecidos falam-se, dão a mão uns aos outros, marcam encontros, juntam-se espontaneamente». 

    11 de Janeiro

  • Humor e barbárie

    Nada há de mais insuportável para o fanatismo religioso e o totalitarismo político do que o humor. A prova consumada disso, se porventura fosse necessária, é o atentado de anteontem contra o jornal satírico Charlie Hebdo, em que foram assassinados alguns dos mais notáveis humoristas e cartoonistas franceses, como Wolinski, Charb e Cabu, sem contar…

    Humor e barbárie

  • Humor e barbárie

    Nada há de mais insuportável para o fanatismo religioso e o totalitarismo político do que o humor. A prova consumada disso, se porventura fosse necessária, é o atentado de anteontem contra o jornal satírico Charlie Hebdo, em que foram assassinados alguns dos mais notáveis humoristas e cartoonistas franceses, como Wolinski, Charb e Cabu, sem contar…

    Humor e barbárie

  • Um homem para 2015

    Se há uma figura de dimensão universal que pode lançar uma esperança de reinvenção do mundo em 2015, ela é, sem dúvida, o Papa Francisco. Uma reinvenção que já começou pela Igreja Católica e, desde logo, pelo Vaticano. O exemplo de inconformismo, coragem e vontade de mudança protagonizado pelo antigo cardeal argentino Jorge Bergoglio deveria,…

    Um homem para 2015


  • Jardim e o Juízo Final

    Um emaranhado de estradas que se entrecruzam e onde nos perdemos sucessivas vezes até chegarmos, enfim, ao nosso destino, algures no Estreito de Câmara de Lobos, a oeste do Funchal. É ali, mas nada parece idêntico ao que era há uma década e meia. A antiga paisagem de vinhas em socalcos tornou-se a réplica de…

    Jardim e o Juízo Final

  • À boleia, com Soares

    “Parece Veneza”. A observação do meu interlocutor afigurava-se completamente excêntrica ali, no litoral de Cochim, Sul da Índia. Eu acabava de ser também confrontado com a inverosímil semelhança, mas não fora capaz de verbalizá-la, temendo talvez o ridículo. Pelo contrário, Mário Soares, sentado ao meu lado num barco fluvial, atrevera-se espontaneamente a associar aquela paisagem…

    À boleia, com Soares

  • Presunção de imunidade

    A presunção de inocência é um dos pilares do Estado de Direito e significa que nenhum cidadão pode ser culpado de um crime antes de ser julgado e provada efectivamente a sua culpa. Mas assistimos hoje, e não apenas em Portugal, à tentativa de substituição e subversão desse princípio por um outro: o da presunção…

    Presunção de imunidade