“O secretário-geral saúda a assinatura pelas partes em conflito no Sudão da Declaração de Compromisso para proteger os civis e garantir a passagem segura da ajuda humanitária no país”, pode ler-se num comunicado divulgado pela porta-voz da Organização das Nações Unidas, Stéphane Dujarric.
Cerca de 700 mil pessoas já foram deslocadas internamente, enquanto muitas permanecem “confinadas às suas casas”, incapazes de colmatar as suas necessidades mais básicas.
O líder da seita, assim como mais 17 arguidos, incluindo a sua mulher, ficará mais um mês na prisão enquanto as autoridades investigam o caso das mortes.
O alerta foi feito pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas que revelou que entre 2 a 2,5 milhões de pessoas vão passar fome nos próximos meses, como resultado da violência que continua a assolar o país.
Riade e Washington “saudaram” o início de um diálogo e motivaram os membros do exército e as Forças de Apoio Rápido a “envolverem-se ativamente” num cessar-fogo, mas não anunciaram nem o início formal das negociações nem o seu conteúdo.
“O Programa Mundial de Alimentos prevê que o número de pessoas com desnutrição aguda aumentará para entre dois e 2,5 milhões, elevando o número total para 19 milhões nos próximos três a seis meses se o conflito continuar”, disse um dos porta-vozes do secretário-geral da ONU, António Guterres, Farhan Haq.
“O Reino Unido coordenou a maior e mais ampla operação de evacuação do Sudão por qualquer país ocidental e trouxe para segurança 2.450 pessoas provenientes do Sudão”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, James Cleverly.
Apesar de um cessar-fogo que entrou em vigor na terça-feira, há relatos de combates em Cartum, bem como noutras partes do país.
O violento conflito no Sudão coloca o exército do general Abdel Fattah al-Burhan, o líder de facto do Sudão, e o seu adjunto e opositor, o general Mohamed Hamdane Daglo, que comanda as forças paramilitares de apoio rápido.
O exército descreveu, em comunicado, “numerosas violações cometidas pelos rebeldes”, como “bombardeamentos de artilharia indiscriminados”, “disparos de atiradores furtivos” e o envio de “colunas militares” das suas áreas de influência, nas regiões ocidentais “do Darfur e do Cordofão para reforçar as suas tropas em Cartum”.
Os militares afirmam que Al-Bashir, o antigo ministro da Defesa Abdel-Rahim Muhammad Hussein e outros antigos funcionários foram transferidos para o hospital Aliyaa, gerido pelos militares, antes do início dos confrontos.
De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros da arábia saudita, os refugiados foram “transportados por um dos navios do Reino, e o Reino fez questão de satisfazer todas as necessidades básicas dos cidadãos estrangeiros”.
Um cidadão português quis permanecer no Sudão, algo que o ministro salientou que foi uma decisão do próprio. Estaremos sempre em contacto com ele, é uma decisão própria, está numa zona onde não há conflitos e esperamos que tudo corra bem, mas é uma opção própria”, apontou.
Desde 15 de abril que se registam violentos combates no Sudão, num conflito que opõe forças do general Abdel Fattah al-Burhane, líder de facto do país desde o golpe de 2021, e um ex-adjunto que se tornou um rival, o general Mohamed Hamdan Dagalo, que comanda o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido.
Apesar de ainda não estarem todos fora do país, “estão todos fora da situação de maior perigo”, explicou o ministro.
Entre os hospitais que deixaram de prestar serviços, nove foram bombardeados e 16 foram evacuados, disse ainda o sindicato sem se referir aos autores dos ataques.
A ONU contabilizou pelo menos 185 mortos e cerca de 18 mil feridos, a maioria na capital, Cartum, mas também noutras cidades do país.