Quem acredita no amor à primeira vista – ou paixão à primeira vista ou, eventualmente mais correto, atração sexual à primeira vista – tende a acreditar que também é possível identificar a última vista, a última vez que o amor entre duas pessoas foi avistado.
A Vanessa entusiasmou-se agora com esta nova ideia do Zuckerberg de tapar lá o escândalo do Cambridge Analytica com um novo Tinder, agora para supostos ‘relacionamentos significativos’. Isto assusta-me. É que a Vanessa já casou três vezes.
A Vanessa disse que tinha sido vítima de benching. Eu não sabia o que era o benching. Parece que é quando alguém – um gajo, no caso dela – te põe numa espécie de banco futebolístico, para só entrares em jogo se alguém falhar.
A Vanessa decidiu contratar um assessor. Uma pessoa que funciona à semelhança dos assessores políticos, mas para dar conselhos sobre engates. Está contentíssima com o que escolheu: se é verdade que o seu último engate falhou, o engate advisor promete
O cadáver da Vanessa foi descoberto pelo filho mais velho, que tinha passado lá por casa para buscar um sobretudo que tinha deixado em casa da mãe – e que com estas baixas temperaturas, ainda que intermitentes, lhe tem feito falta.
A Vanessa já teve algumas micro-chatices derivadas de uns micro-traumas. A relação com o Zé Pedro, por exemplo, que conseguiu acabar com ela duas vezes, foi micro-traumática. E isso ainda hoje lhe provoca micro-pesadelos.
É verdade que ninguém dá valor à crise dos 18 anos. Fala-se muito das dos 30, da dos 40, da dos 50, da dos 60, das dos 70, da dos 80, da dos 90, mas todos menorizam a horrível crise dos 18. A Vanessa teve uma pavorosa crise dos 18 anos.
A Vanessa pensava que talvez nunca tivesse dado o devido valor ao privilégio de poder andar a apanhar boiões de plástico com restos de iogurte estacionados há três meses debaixo das camas. Ou o deslumbramento inexcedível de recolher as migalhas de Oreo dos sofás da sala. Ninguém dá valor ao que tem de repente já não…
Deixei de falar com a Vanessa porque precisava de um tempo, mas retomámos a conversa no sítio onde a deixámos. Às vezes isso é possível. Parece milagre, mas existe. A Vanessa também acha que Santana Lopes deve retomar a conversa onde a deixou.
A obsessão das mulheres com os ‘mr. Right’, popularizado pelos britânicos, não é compreensível. A Vanessa ultimamente anda pouco compreensível e obcecada com o seu ‘azar com os homens’. Mas há mesmo azar com os homens?
A Vanessa resolveu escreveu uma carta a Emmanuel Macron depois de ter assistido à entrevista do candidato francês à RTP. Quer que ele ganhe as eleições, à espera de que o exemplo da sua relação com Brigitte, 24 anos mais velha, faça escola.
A Vanessa já foi várias vezes traída por SMS. Nos últimos dias, sentiu-se a comungar os sentimentos do ministro das Finanças: as SMS nasceram para nos dar cabo da vida. E esta semana caiu numa nostalgia do tempo em que as comunicações eram mais difíceis.
A Vanessa concluiu que o ano de 2016 nem correu mal de todo. Cumpriu, mais ou menos, a lista dos gajos que jurou que ia evitar, a começar pelos que julgam ser a reencarnação de Napoleão. Mas nem tudo foi cumprido, infelizmente.
Ser vítima de “ghosting” significa alguém nos dar com os pés depois de um encontro mais ou menos amoroso ou lá o que lhe queiram chamar. Ser “unghosted” é quando a pessoa que nos deu com os pés resolve voltar à carga. Que fazer? Nada, a menos que seja o Rei Filipe.
É que o gajo ficou mesmo giro com aquela camisa do Caribe. Aquela barriga imensa parecia mesmo gira. Fogo, o Costa é mesmo o gajo com mais sorte do país. E isso irrita um bocado não irrita?
Em 2001 não havia iPhones, mas já havia um Santana indeciso. Não havia Facebook, Instagram, Twitter, Youtube, mas já tínhamos a terna indecisão de Santana Lopes.
É uma regra praticamente universal que os homens não falam. Falam os mínimos. Em caso de terem mesmo que falar fazem-no muitas vezes sem jeito. Cavaco era um destes exemplares – maioritários, de resto, no sexo masculino. Não falava habitualmente. Quando falava saiam-lhe pérolas que desde 1985 estão arquivadas na memória coletiva. Do “homem do…
Vanessa foi para Londres com o Zé Miguel, um antigo namorado, com quem tinha andado em 2008. Passaram oito anos, veio a troika, saiu a troika, veio a “geringonça” e a Vanessa, que tinha ido a Londres com o Zé Miguel nos tempos do amor pujante, quis agora regressar com ele ao sítio onde tinham…
O lugar mais inabitável é aquele onde se foi feliz. A sentença de Cesare Pavese é definitiva e não dá hipótese. Não se pode voltar aos sítios das felicidades já acontecidas.