Cerimónia de investidura ficou marcada por novos confrontos entre a polícia e apoiantes de Venâncio Mondlane. Pelo menos cinco pessoas morreram em Maputo.
Paulo Rangel reconheceu que Portugal tem, pelos “laços afetivos históricos, culturais profundos”, uma “posição especial” neste processo pós-eleitoral
A cerimónia na Praça da Independência, no centro de Maputo, aconteceu sob fortes medidas devido ao anúncio de manifestações e protestos, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições de 9 de outubro de 2024.
Venâncio Mondlane regressou a Moçambique, mas isso não significa que a calma tenha voltado ao país. Enquanto discursava no centro de Maputo, os seus apoiantes foram alvejados pela polícia e três morreram.
A eleição de Chapo tem sido contestada nas ruas e o anúncio do CC aumentou o caos que o país vive desde outubro, com manifestantes pró-Mondlane — candidato que, segundo o CC obteve apenas 24% dos votos, mas reclama vitória — em protestos a exigirem a “reposição da verdade eleitoral”
Venâncio Mondlane mostrou-se aberto ao diálogo, desde que tenha mediação internacional, ao mesmo tempo que prepara a nova fase de contestação “Ponta de Lança”.
Várias cidades do país têm, esta terça-feira, estradas bloqueadas por pneus em chamas.
Autoridades judiciais dizem que não há mandado de captura em nome de Mondlane. Apoiantes do candidato da oposição falam em armadilha para o fazer regressar ao país.
“Mais uma tentativa falhada de me assassinarem. Caso eu seja abatido….o povo todo deve avançar com máxima força para a fase TURBO V8”, denunciou o candidato presidencial moçambicano.
A contestação em Moçambique continua nas ruas e a polícia voltou a reprimir com extrema violência. Uma ONG afirmou que foram mortas mais 12 pessoas nas manifestações dos últimos dois dias.
Os moçambicanos voltaram a manifestar-se, bloquearam as principais cidades e foram recebidos a tiro. Há registo de mais quatro mortos e de um atropelamento bárbaro que pode chegar ao Tribunal Penal Internacional.
Numa mensagem publicada nas redes sociais, o candidato derrotado pediu aos moçambicanos que deixassem os carros na estrada logo de manhã e se manifestassem, com o objetivo de bloquear as ruas transformá-las em parques de estacionamento.
Venâncio Mondlane, o candidato que reclama a vitória nas eleições moçambicanas, conta como fugiu do país com a mulher e a filha, já sob ameaça da Polícia. Recorda a sua juventude ligada ao rock e às artes marciais, e diz que em Portugal se identifica com a Iniciativa Liberal.
São 20 os pontos na agenda, começando pela “reposição da verdade e justiça eleitorais” e a “responsabilização criminal e civil dos actores da falsificação do processo e documentos eleitoral”
A situação política e social continua explosiva. Os manifestantes são um alvo da Polícia, que dispara a matar, mas um quadro da Frelimo veio defender o direito à manifestação. Algo está a mudar em Moçambique.