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O preenchido dia-a-dia de Marcelo Rebelo de Sousa.

quinta 9

europa e lei laboral

europa. diz o fmi – e com razão – que continua sem soluções globais. tema, entre outros, de aula minha em curso de pós-graduação, na faculdade, hoje. fui muito crítico. mas terei, amanhã, o contraponto da intervenção de antónio vitorino, bem mais optimista e ‘papa’ na matéria. alunos, atentos e de bom nível…

lei laboral. ontem, aparente realismo do governo e dos parceiros sindicais. e comentário claro e desdramatizador de cavaco silva.

mais lei laboral. embora tudo muito vago. nem a ue, nem o governo, nem a oposição sabem o que querem em concreto…

tap. também ontem, à noite, no avião porto-lisboa, testemunhei inexcedível actuação da tripulação. ajudando cabo-verdiano aflito, que acabara de saber da morte da mãe e ia tentar – em tempo recorde – comprar, em lisboa, passagem para o sal e embarcar em avião previsto para menos de uma hora depois da nossa chegada. para que conste, o voo foi o tp-1983. nem sempre tenho encontrado tanta atenção para com um passageiro modesto e notoriamente perdido…

gala de natal da tvi. para a missão sorriso. cheguei atrasado das aulas, mas cheguei e acabei por me divertir em diversas passagens. inesperadas, por vezes…

audiência esmagadora. de 60%. e atingindo valores ainda superiores. culminando semana excepcional de liderança no prime time e no dia. e dando contributo sólido para 6.º ano de vitória consecutiva num e noutro. apesar da concorrência acrescida de rtp e sic. é obra! parabéns à tvi.

sexta 10

nobel, china e ainda açores

liu xiaobo. cadeira vazia na entrega do prémio nobel da paz. bem pode a china ser a superpotência ascendente. nem por isso a luta pelos direitos fundamentais deixa de ser um imperativo ético.

debate parlamentar. muito frouxo. com algumas boas ideias do governo em matéria de educação. e o psd em correcta atitude de estado. mas já ninguém ouve sócrates. e o tempo está suspenso, à espera do que há-de vir depois dele.

lamentável o lavar de mãos de sócrates no caso dos açores. a disfarçar e a atirar a bola – que é política – para a apreciação de constitucionalidade. é como a resolução do conselho de ministros a dizer que o oe é para cumprir. uma confissão de quem já sabe que não vai ser. antes mesmo de entrar em vigor em janeiro.

solidariedade. arrancaram mais iniciativas de redes de aproveitamento de refeições não consumidas. com o apoio da associação da restauração e do poder local. uma boa notícia!

boa notícia. também continua a sê-lo o relatório pisa. e o psd compreendeu-o. bem. é uma razão adicional de estímulo para o futuro. mesmo que se deva dizer – porque já se sabe – que o universo dos examinados em 2009 era muito diferente do de 2006. ironicamente, com muito maior peso de escolas privadas, que, por coincidência, têm vindo a subir nos rankings globais divulgados.

relatório greco. relatório internacional sobre o financiamento partidário. duro para portugal. com razão. de ocultações de dados à inclusão das finanças das estruturas regionais e locais aos meios de controlo e aos critérios de aplicação das sanções.

benavente. jantar de natal do psd e da jsd. muito caloroso. com duas centenas de participantes. e as presenças de rui de carvalho, tó zé martinho (aliás, deputado municipal) e joão de carvalho. num município tradicionalmente difícil para as cores laranjas, um ambiente de confraternização e de juventude surpreendentes. melhor intervenção da noite – a do sempre jovem rui de carvalho.

sábado 11

fmi, ratings e jardim

fmi. sondagem revela que a maioria dos portugueses anseia pelo fmi. mistura de sebastianismo nacional, expectativa de dinheiros de fora, atávica transferência de responsabilidades para os outros, atestado de incompetência à classe política e falta de noção do preço do desejado. pode ser que, por razões externas e/ou internas, o fmi venha a ser chamado a intervir. mas que não haja ilusões – o que tiver de ser feito, e será pesado, será da responsabilidade de políticos portugueses, escolhidos pelos cidadãos portugueses.

mais fmi. delegação cá é notícia. mas, nos últimos meses, gente do fmi tem estado em lisboa inúmeras vezes. só que sem esta dimensão formal.

rating. fitch baixa rating de dezenas de produtos financeiros nacionais e as duas outras agências dão três meses antes de ponderarem nova desgraduação da banca portuguesa. tempos ingratos estes. em que a resistência é essencial… e a esperança também. por mim, não tenciono transferir depósitos para banca estrangeira.

jardim. recandidato na madeira. às eleições de 2011. como se esperaria. continua sem alternativa, dentro e fora do psd. e tem em curso a missão da reconstrução após a tragédia de há um ano.

sentimentos mistos. tristeza com morte de maria júlia de almeida, grande amiga de meus pais. mas que viveu longa e activa vida – aqui mesmo registei os festejos dos seus 100, 101 e 102 anos, inclusive com fotografias. alegria na celebração dominical antecipada com o cónego josé carlos otero, o espanhol mais português que jamais conheci. além do mais, jornalista na galiza e comunicador nato.

domingo 12

anos, mergulho, tvi e família

mergulho. em dia de anos, fosco, a natação da praxe. para reforçar energias… mas água mais fria do que nos últimos dias.

tvi. boas reacções à minha conversa com isabel sá carneiro. sucinta, mas interessante como testemunho subjectivo de interesse contextual. e surpresas de júlio magalhães. diversas. dos vários interlocutores de comentários na tvi e na rtp ao meu mais antigo e fraternal amigo, eduardo barroso. e às imagens dos netos – ainda mais inesperadas, até por terem torneado a intransigente oposição de princípio de minha nora – e que me deixaram muito comovido. pelo meio, bolo da garrett e doces de ovos de aveiro, trazidos em mão por alunas e aluno da universidade… finalmente, notícia, cujo alcance cabal não entendi, mas que parecia bombástica, ao relacionar banco, irão e eua. e, depois, centenas de mensagens telefónicas, sms, e-mails, a felicitarem e a apreciarem aquela original hora televisiva. uma emoção irrepetível… anos ao domingo, já só se repetirão em 2021. ou seja, daqui a uma eternidade…

família. noite adiantada, jantar com família mais próxima. e netos eufóricos com a experiência televisiva e agitados com o apagar das velas – o segundo, depois de um, improvisado, no camarim da maquilhagem, na tvi. jantar que durou até às tantas…

bastidores. aí, fiquei a saber a tramóia de júlio magalhães com rita ávila de melo, directora de o lar da criança, a minha escola e dos meus netos, e joana empis, minha secretária, para a gravação com os netos. com a nora a saber por inconfidência infantil. e as peripécias imensas de anteontem e de ontem. até à luz verde condicionada…

desenhos. uma maravilha, os desenhos da turma do neto francisco. sobre o avô marcelo. câmaras de tv com dez pernas, televisores estrambólicos, dos quais eu saio, microfones espaciais. uma fábula de divertido e ternurento… outra oferta do júlio.

discurso. tal como o discurso escrito à saída da primária. por mim com apoio do eduardo e assinatura, também, do manuel pereira coutinho – colega nosso desde o ano e meio de idade – e do tony bentik coelho. discurso todo ele bem falante para miúdos de 10 anos…

ainda família por afinidade. antes de ir para a tvi, passagem a felicitar a comadre mãe da nora, isabel, hoje também aniversariante. uma excepcional comadre.

segunda 13

bce, bcp e wikileaks

bce. noticia-se que está descapitalizado, que precisa de mais capital dos estados. a começar nos da eurozona. previsível, mas má nova.

bcp. carlos santos ferreira confirma, na tvi, projectos no irão e contactos com eua. na sequência de mais wikileaks. fala, com sinceridade, em terem ficado amachucados bcp e sua actuação gestora. governo tira o corpo. no seu todo, algum desgaste objectivo para todos – bcp, presidente, eua e, mesmo que ele se distancie, governo.

poderes presidenciais. em debate. iniciativa da associação de jovens espec. participei em parte de mesa-redonda com colegas mais novos da faculdade. paulo otero, blanco de morais e reis novais. interessante em termos teóricos. com picardias esparsas entre quem aconselhou sampaio e quem aconselha cavaco. juridicamente.

amizade. jantar com mimi e rui machete e um grupo de amigos. tempo de matar saudades. e de evocar, naturalmente, esse amigo muito especial, chamado ernâni lopes.

audiência. estou perplexo com a de ontem, durante a quase hora final do jornal nacional da tvi. sempre a subir. apesar do benfica-sp. braga. a superar expectativas e a atingir quase 50% de todos os canais abertos e codificados nos derradeiros 10 minutos. se o panorama semanal, domingo a domingo, tem sido magnífico, de ontem nem sei o que dizer…

terça 14

china, cavaco, holbrooke e debate

china. vai apoiar financeiramente portugal. compra barato e nós beneficiamos, até pela situação que vivemos. ambos ganham. nós, já, embora pouco. eles, sempre.

cavaco. dá a entender desespero de alegre. é verdade. deveria ser ele a dizê-lo? o que é certo é que alegre recuou.

holbrooke. grande diplomata americano que desaparece. conheci-o, há muitos anos, num restaurante no guincho. misto de inteligência, experiência e energia. talvez excessiva.

relação de lisboa. lançamento de história da relação em livro. maria dos prazeres beleza e eu com tal incumbência. obra cheia de mérito. e inédita, no nosso panorama judicial. crédito do presidente e meu contemporâneo de faculdade, luís vaz neves. no final, assistência acompanha coro, de braço dado, em canção de natal. a mim, calhou-me dar o braço a vaz neves e a pinto monteiro.

romance. logo de seguida, novo lançamento, no chiado. do romance a profecia de istambul. autor, o bem sucedido presidente da câmara de penafiel, alberto santos. uma vocação dupla: a política local e o romance histórico…

primeiro debate. francisco lopes, preparado, incisivo, convencido que era tarefa fácil. fernando nobre, ideias vagas, mas um estilo populista desconcertante e mesmo, aqui e ali, apelativo. dando cabo da programação de lopes.

quarta 15

pacote in extremis e veto açoriano

pacote de 50 medidas. anunciado in extremis por sócrates. nada co-mo a corda no pescoço…

lehman brothers. bom documentário da bbc na tvi24, há dias. e interessante debate a seguir. para que se não esqueça o que houve de loucura no imobiliário americano, nem a irresponsabilidade da falta de regras, nem os abusos de intermediários financeiros, nem o facilitismo de certos gestores bancários, nem o frete de agências de rating. e se não reduza tudo a culpa de políticos e de entidades públicas financiadoras, que tiveram responsabilidade – mas não exclusiva e, em inúmeros casos, não dominante. é que a memória dos povos é curta. apesar do custo do recentíssimo financiamento da praticamente falida banca irlandesa…

novas oportunidades. sócrates acha excepcionais. críticos apontam fraquezas ou debilidades. em rigor, o maior mérito é o da abertura à ascensão social. o maior demérito é o da ilusão de progressão no emprego a curto prazo. a maior dúvida é a da homogeneidade da qualidade da formação. ou seja, justiça social é trunfo, saídas profissionais imediatas são ilusão e qualidade é realidade flutuante.

açores. lei de césar passará. mas veto político fica a recordar a dessolidarização perante ‘açorianos de 2.ª’, madeirenses e continentais.

guantánamo. embaixador dos eua diz o oposto de sócrates e amado. mas alguém tinha dúvidas?

eduardo barroso. doutor honoris causa em aveiro. e eu a saber tarde demais para poder estar presente. amizade velha e sem medida. mas calendários desfasados…