Rangel e e Rui Pedro Soares compram direitos televisivos da Liga espanhola

Um grupo de investidores liderado por Emídio Rangel, ex-director-geral da SIC, e Rui Pedro Soares, ex-administrador e funcionário da PT, ofereceram nove milhões de euros à empresa Mediapro pelos direitos de transmissão televisiva da Liga espanhola de futebol para Portugal – o triplo do valor que a Controlinveste, de Joaquim Oliveira, paga anualmente pelos mesmo…

o contrato com a mediapro vai aplicar-se apenas à época futebolística de 2012-2013 e é o primeiro dos negócios que rangel e soares estarão a projectar. decorrem ainda negociações com o benfica para a compra dos direitos televisivos do clube encarnado também a partir da época de 2012-2013.

o ex-director da sic anunciou ao correio da manhã a criação de uma estação de televisão, de um jornal semanário (a surgir em abril) e de uma rádio. neste caso, uma empresa de rangel tem até ao próximo dia 15 de fevereiro para pagar 3,5 milhões de euros e garantir a frequência da rádio europa-lisboa. mas antes a entidade reguladora para a comunicação social terá que emitir um parecer positivo – o que deverá acontecer na próxima semana.

o projecto exige um grande investimento. só os direitos dos jogos do benfica estão avaliados em mais de 30 milhões de euros. ao que o sol apurou, nenhum banco nacional aceitou financiar a compra dos direitos da liga espanhola, por não ter sido assegurada uma plataforma (uma televisão) para transmitir os jogos.

a participação accionista e financeira da mediapro neste projecto também tem sido veiculada. ao correio da manhã, rangel admitiu que «é provável que haja capital espanhol» no novo grupo.

o problema é que a mediapro está, por decisão própria, sob administração judicial desde o verão passado. a empresa catalã, muito próxima do psoe de zapatero, pediu em junho a intervenção dos tribunais, alegando risco de insolvência e dívidas de mais de 900 milhões de euros. um acordo preliminar foi anunciado esta semana, obrigando-se a mediapro a pagar cerca de 200 milhões de euros. mas o acordo final ainda vai demorar entre dois a três meses. logo, é difícil que o accionista espanhol seja a mediapro.

conflito de interesses

as dificuldades de financiamento que estão a ser sentidas por emídio rangel também se devem aos conflitos de interesses dos principais bancos nacionais. a cgd e o bes, por exemplo, são accionistas de referência da pt, enquanto o bcp é um dos principais credores da controlinveste.

por outro lado, a posição de rui pedro soares está a causar grande incómodo à administração da pt. sendo um alto funcionário da pt investimentos internacionais – onde tem um salário de 10 mil euros, carro e secretária pessoal –, o ex-administrador não pode participar formalmente em projectos concorram com a empresa, num mercado (o dos conteúdos) que é também estratégico para a pt. já a controlinveste é duplamente prejudicada: é um dos dez maiores accionistas da pt e tem os direitos televisivos de futebol.

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