Os seus inimigos resumiram o seu trajecto de vida como o de uma oportunista, mulher ambiciosa e caçadora de fortunas, e sustentam esta tese pelos seus dois relacionamentos amorosos. Com apenas 19, anos, a rapariga de origens humildes casou-se com Luís Ribeiro, um grande empresário de serração de madeiras de Vieira de Leiria que galgara os 60 anos. Depois da morte deste, viveu mais de três décadas com o milionário Lúcio Tomé Feteira, com duas vezes e meia a sua idade e que era do círculo de amizades do marido.
Os amigos de Rosalina defendem precisamente o contrário. Descrevem-na como uma solitária que dedicou a sua vida aos dois homens, queimando a juventude, e que, mesmo vivendo com um dos portugueses mais ricos, nunca experimentou luxos ou esbanjamentos.
Normando Marques, o advogado de Rosalina no Rio de Janeiro, mesmo considerando a pior hipótese, continua a defendê-la: «Se o dinheiro que ela desviou era das contas conjuntas, não acho que exista aí crime. Tinha direito, viveram trinta e tal anos em comum».
Uma coisa parece certa: Rosalina da Silva Cardoso Ribeiro, assassinada no Brasil há quase dois anos, nunca foi feliz. Mas foi a morte do seu companheiro, aos 98 anos, que marcou de vez o seu destino. Tomé Feteira, que acabaria por morrer nos seus braços, em 2000, deixara-lhe parte da sua riqueza como forma de proteger o seu futuro. Com uma das maiores fortunas da Europa, o magnata, estava longe de imaginar que o testamento traria o fim da mulher que durante anos foi a sua sombra nos negócios e na intimidade.