Polícia apanhou logo Duarte Lima em falso

Duarte Lima disse à Polícia brasileira, num fax que enviou pouco depois da morte da sua cliente, Rosalina Ribeiro, que foi esta quem lhe ligou, para o seu telemóvel oficial, a pedir um encontro no Rio de Janeiro. Esta é, segundo fontes judiciais, a primeira ‘mentira’ do advogado.

é que, nos extractos das chamadas efectuadas e recebidas por rosalina, o último telefonema que esta lhe fez aconteceu seis dias antes de se encontrarem e, pela sua duração, duarte lima nem terá atendido. só cerca de uma hora depois (pelas 13h) é que rosalina recebeu o retorno e através do já referido número suíço (b), que a polícia está convicta de que pertence ao advogado e que surge mais tarde a ser utilizado no brasil para contactar a sua secretária, marlete oliveira.

desde a altura em que a polícia os descobriu que estes três números de telemóveis – o suíço (b) e os dois portugueses (a e b) – estão desligados. se se ligar para o suíço, pode escutar-se apenas a curta mensagem em francês: «para este telemóvel não é possível passar qualquer chamada».

um facto que leva os investigadores a concluírem que o número c estaria na posse de duarte lima prende-se com quatro chamadas recebidas por rosalina ribeiro deste telemóvel, no dia em que desapareceu e foi assassinada (7 de dezembro de 2009). a primeira foi efectuada a meio da tarde e em frente ao prédio onde rosalina morava, a última ocorreu oito minutos antes de a mulher sair de casa – às 19h58, como ficou registado nas câmaras de vigilância do prédio onde residia, na praia do flamengo. quando esta última chamada foi realizada, o telemóvel em causa foi localizado pela antena celular situada no topo de um edifício do flamengo, um quarteirão antes da casa de rosalina, de onde ela sairia tomando o mesmo rumo.

mais contradições

mas as contradições de duarte lima não ficam por aqui. segundo disse o advogado no fax que enviou às autoridades, rosalina ter-lhe-á solicitado que «a apanhasse junto de casa», o que fez. mais tarde, questionado por telefone pelos investigadores – depois de estes terem verificado pelo vídeo da vigilância que a mulher, ao sair para a rua, virou à direita, não se vislumbrando nenhum automóvel à sua espera –, duarte lima disse que «parou o carro, e tão logo parou ela o viu». questiondo ainda se ela sabia o carro em que ele estava, o advogado, menos seguro terá acrescentado: «eu parei o carro, ela reconheceu-me e veio na mina direcção».

felicia.cabrita@sol.pt