O whisky e a madeira

Nesta época, vários leitores pensam em oferecer uma garrafa de whisky e muitos outros têm a felicidade de saborear esta bebida fermentada e destilada originária da Escócia e da Irlanda.

o natal aproxima-nos das pessoas mais importantes e dos néctares mais exclusivos.

durante o processo de elaboração, o maior contributo para os aromas e sabores do whisky deriva do seu estágio de maturação em cascos de madeira de carvalho. saiba o leitor que não se pode fazer um bom whisky a partir de um mau destilado branco de malte ou de outros cereais (este destilado designa-se por new make spirit), mas podemos obter um mau whisky partindo de um excelente destilado. é que a chave para o segredo da qualidade abre-nos a porta de acesso às caves de maturação e remete-nos para a arte da gestão da sua permanência e interacção com os cascos de madeira tostada. desde 1915 que qualquer scotch whisky só tem direito a usar esta designação no rótulo se for destilado e envelhecido na escócia, por um período mínimo de três anos. a madeira de carvalho tostada transfere para esta bebida – por dissolução ou reacção química – açúcares, taninos, lactonas, glicerol, ácidos gordos, aldeídos aromáticos, entre outros compostos que lhe conferem complexidade corante, aromática, gustativa e táctil. também o tipo de madeira de carvalho é transcendente.

as barricas novas tostadas transmitem um aroma dominante e intenso a madeira e, por isso, não são muito usuais na maturação do whisky na escócia; este é estagiado, maioritariamente, em madeira de carvalho americano que já foi usada previamente na elaboração do whisky nos estados unidos, que se designa por bourbon. a madeira de carvalho europeia tem menor importância e vem já usada de jerez (sherry), madeira, porto ou setúbal, sendo interessante para afinar o aroma final.

anibal.coutinho@sol.pt