até que ponto a internacionalização de empresas pode ajudar portugal a sair da crise?
portugal está a ter os primeiros sinais, cada vez mais consistentes, de recuperação económica. foi o país europeu que mais cresceu no segundo trimestre, relativamente ao primeiro trimestre, e há uma redução do desemprego. parte importante desta estabilização económica tem a ver com a dinâmica das exportações. deve-se sobretudo à capacidade das empresas portuguesas em adaptarem-se ao mercado. a necessidade aguça o engenho e ajuda os empresários a redefinirem as suas prioridades e a procurarem oportunidades para as suas actividades fora de portugal.
como estão a evoluir as exportações?
apesar da crise que se vive nos maiores mercados clientes de portugal, nomeadamente na europa, estão a crescer a bom ritmo. as empresas portuguesas estão mais competitivas, porque estão a ganhar quota do mercado fora de portugal. os verdadeiros heróis desta recuperação económica e da redução do desemprego são os empresários portugueses.
acha que os empresários gostariam de ter mais apoio na internacionalização?
sinto que hoje temos uma classe empresarial muito mais liberta das dependências do estado. não gosto de valorizar a crise, porque precisamos de sair dela o mais cedo possível. mas, se há um factor positivo que esta crise trouxe a portugal é termos hoje empresas mais eficientes e com lideranças com mais iniciativa. os empresários portugueses fizeram um ajustamento das suas empresas muito mais rápido do que o próprio estado português. e estão a espalhar-se por todas as partes do mundo, nomeadamente no espaço da lusofonia. mas o que sinto também é que as empresas portuguesas precisam de perceber que o estado está ao lado delas enquanto parceiro.
foi por esse motivo que escolheu angola e moçambique como destinos da primeira deslocação? o que significa esta decisão?
é um sinal importante que quisemos dar das nossas prioridades. do ponto de visita de justificação comercial teria também razões para viajar para outro lado, nomeadamente para a europa, onde temos os nossos principais mercados de clientes. mas a decisão foi eleger a lusofonia, concretamente angola e moçambique, como primeiro destino desta minha viagem oficial. é um sinal muito claro da prioridade que constitui a intensificação das relações culturais e comerciais.
em relação à privatização da tap, existem novos investidores interessados?
houve uma operação no ano passado e, da forma como terminou, acho que só fará sentido avançar e dar notícia pública deste avanço numa segunda fase, no dia em que o governo estiver totalmente convencido que essa operação pode ser bem sucedida.
há uma opinião pública que sustenta que portugal está a usar as suas relações com áfrica como bengala. sente estaquestão?
essa análise não resiste aos factos. no caso de moçambique, por exemplo, é seguramente uma prioridade política portuguesa há muitos anos. não descobrimos o país nos últimos dois, três anos. o que é facto é que moçambique, do ponto de vista económico, despertou muito investimento económico nos últimos anos. e isso atrai investimento português, mas também de muitos outros países. senti, de uma forma geral, que os portugueses são muito bem-vindos pelas autoridades moçambicanas.
em moçambique, há quem defenda que as quotas para estrangeiros devem ser afuniladas porque há moçambicanos a perderem o emprego para portugueses. as relações entre os dois países são vantajosas para ambas as partes?
tenho a certeza que sim. se há desafio que moçambique tem de vencer é o da qualificação das empresas e da sua população. e as empresas portuguesas, quando se internacionalizam num espaço como moçambique, transferem o seu modelo de negócio, o seu know-how. e estando portugal no top três do investimento em moçambique, isso significa que as empresas portuguesas são aquelas que mais geram emprego moçambicano.