voltou a aflição ao psd e ao governo. até ao início desta semana, o clima interno era de optimismo quanto ao resultado das autárquicas de domingo: o objectivo de manter a presidência da associação nacional de municípios portugueses (anmp), mesmo perdendo algumas câmaras, era tido como possível. mas esta semana as campainhas de alarme soaram, sobretudo ontem, quando o impensável se colocou pela primeira vez: a vitória no porto está em aberto e luís filipe menezes, a jóia da coroa de passos, pode deixar escapar o porto para o independente rui moreira. “é a machadada”, suspirava um social-democrata.
nos últimos dias já se percebia a desorientação do psd. pedro passos coelho procurou corrigir o discurso e aproximou-se do tom mais optimista do parceiro de coligação, paulo portas, sobre os sinais positivos da recuperação da economia (deixou de falar em segundo resgate, um discurso que, aos olhos dos centristas e mesmo muitos sociais-democratas, estava a assustar as pessoas). e queixou-se da interpretação que a comissão nacional de eleições faz da lei eleitoral, que conduziu a um apagão da campanha nas televisões, favorecendo a lógica nacional em que o ps se empenhou.
ao mesmo tempo, o número 2 do psd, atirava-se às sondagens, criticando a sua fiabilidade. “temos de abrir o debate sobre as sondagens a seguir às eleições. elas influenciam subrepticiamente a opinião pública”, disse marco antónio costa, em entrevista ao dn.
a juntar a tudo isto, não ajudam os chumbos do tribunal constitucional, os cortes nas pensões, a presença da troika e o “discurso populista de seguro”, nas palavras de fonte próxima de passos. a grande incógnita é, agora, se o temido voto de protesto aparece na última hora.
se tal não se verificar, “não perderemos por mais de dez câmaras. talvez consigamos ganhar por poucos”. dizia no início da semana um alto dirigente do partido. é o objectivo que resta, visto que é certo um rombo no número de votos contados pelo país.
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david.dinis@sol.pt, helena.pereira@sol.pt e manuel.a.magalhaes@sol.pt