Cautelar é prudência, não lotaria

António Pires de Lima resolveu dizer esta semana, em Londres, para investidor ouvir, que Portugal quer seguir os passos da Irlanda e negociar um programa cautelar no início do próximo ano. De repente, levantou-se um clamor à volta do assunto. Ministros aflitos, socialistas a pedir explicações, notícias confusas.

mas agora pergunto eu: qual é a surpresa? sim, um cautelar é obviamente a melhor maneira que temos à mão para sair do resgate. é o que a irlanda provavelmente terá. é aquilo que andamos a discutir há meses, desde que o presidente da república nos pôs a pensar no pós-troika. sim, era isso mesmo.

talvez seja melhor ser mais claro: um país que esteve três anos sob assistência quase exclusiva da troika devia ser obrigado a ter um programa cautelar, uma linha de seguro para regressar aos mercados sem stress. e também para nos segurar contra turbulências na zona euro. cautelar, como em cautela. vem de prudência, não da lotaria. era bom que tivéssemos isto em conta quando falamos sobre o assunto.

david.dinis@sol.pt