Fim do resgate não traz liberdade

O que é, afinal, um cautelar? É melhor ou pior que um segundo resgate? E implica o quê? Eis um descodificador.

a melhor imagem para distinguir um novo resgate de um programa cautelar foi usada por mira amaral, do banco bic: é o mesmo que dizer se vamos ter de continuar em coma induzido ou podemos ficar ‘só’ nos cuidados intensivos.

na prática, um resgate é um programa para três anos, onde o financiamento do país é quase inteiramente feito pela europa e fmi. num cautelar não: o país financia-se normalmente, emitindo dívida, e só recorre a uma linha de financiamento pré-definida se tiver necessidade disso.

os contornos destes programas alternativos só agora começam a ser preparados – para a irlanda. mas o novo mecanismo europeu de estabilidade tem previstos dois mecanismos – que se diferenciam só pela avaliação que a europa fará do país.

em todo o caso, será preciso preencher requisitos mínimos. respeito pelas regras e metas do défice e dívida; compromisso com medidas de ajustamento; acesso comprovado aos mercados; contas externas sustentáveis; ausência de riscos no sistema financeiro. portugal tem aqui dois problemas potenciais: dificuldades nas metas e contas públicas e no acesso pleno aos mercados.

uma vez aceite, os contornos da assistência não são muito diferentes dos de um resgate: o fmi pode estar presente; haver um memorando com medidas a cumprir; visitas regulares ao país; informação permanente aos credores.

há um detalhe importante: as medidas exigidas serão tanto piores quanto pior for a avaliação feita ao país. e outro ainda: a possibilidade de financiamento nos mercados potenciará a confiança destes no país. e com isso melhorará a sua situação financeira e económica.

david.dinis@sol.pt