“a intenção do ps passaria sempre por centrar o debate da campanha europeia nas questões internas”, diz ao sol fonte da direcção. o partido aposta num “arranque forte do ano político”, com o lançamento da convenção novo rumo e cavalgando o debate sobre os cortes no estado social, que se seguirá às sentenças do tribunal constitucional, primeiro na convergência das pensões e depois no orçamento.
o secretário-geral do ps admite que o acordo alemão “dá um argumento” aos adversários do ps, sabe o sol. afinal, as conquistas do spd vão apenas para os cidadãos alemães – do aumento do salário mínimo à diminuição da idade da reforma. os eurobonds, tão esperados pelos socialistas europeus, são rejeitados.
“é uma má notícia para portugal e para a europa. mas, a longo prazo, esta miopia dos políticos alemães irá também virar-se contra eles. uma alemanha pequenina e mesquinha tira força ao projecto europeu”, sustenta álvaro beleza.
ao “ignorar a periferia, fortificando o país, cometem um erro estratégico”, diz o dirigente do ps. “isso significa que está agora mais em causa a dignidade de portugal enquanto nação e também a dignidade de europa”.
o resgate da dignidade dos portugueses e da europa social será o objectivo dos socialistas.
carlos zorrinho, que coordena a estratégia do futuro programa socialista, reforça: “uma lógica de simples alternância será desastrosa para o país. temos a responsabilidade de ser muito melhores que este executivo”.
alegre e assis agitam
a estratégia do ps para o ciclo que envolve as europeias está longe de ser consensual. seguro tenta fazer o equilíbrio entre a radicalização do discurso e uma postura negocial, mas nos últimos dias o debate interno voltou a inflamar-se.
francisco assis, visto como provável cabeça-de-lista para as europeias, criticou as posições de mário soares na aula magna. o comício “pode funcionar como alerta, mas não deve ser percebido como solução”, escreveu o deputado e dirigente socialista, em artigo no público.
manuel alegre, que esteve na aula magna, respondeu com um texto no mesmo jornal. distingue ironicamente “o bom socialista”, que “diz as coisas sensatas que a direita gosta de ouvir” – entre elas “que é preciso negociar um consenso com o governo sobre as medidas de austeridade” –, e o mau socialista, que recusa “fazer do ps o terceiro partido da direita”.
o texto de alegre tem sido replicado nas redes sociais pela ala esquerda, que já se ‘atira’ a assis. “o ps não pode ir com este discurso às europeias. e se calhar com este cabeça-de-lista”, diz um deputado.