do lado do governo, há planos concretos para retomar o diálogo institucional. já em janeiro, paulo portas tenciona levar a chamada reforma do estado à concertação social, para propor um calendário e metodologias de trabalho a sindicatos e patrões. as áreas da segurança social, educação e saúde são prioritárias.
a isto segue-se a outra parte da reforma fiscal: calendarizar uma revisão e redução do irs. em janeiro o governo deve “replicar” o método seguido no irc: nomeará uma comissão técnica para lançar os trabalhos, sendo que depois o governo chamará o ps para tentar um acordo global.
mas no ps não há perspectivas de estender o tapete a novos entendimentos, depois do irc. “não vejo como”, disse antónio josé seguro, ontem em entrevista à antena 1. numa altura em que, de mário soares a josé sócrates, os sectores não afectos à direcção segurista pedem contestação ao governo, o líder remou contra a maré. mas tem noção dos limites.
o compromisso agora alcançado “não significa que não exista uma grande divergência quanto à opção fundamental para este país”, disse também ontem seguro. o líder do ps teve o cuidado de envolver, na equipa negocial, uma representação alargada. joão galamba e eduardo cabrita (próximos de antónio costa) fizeram parte do grupo coordenado por óscar gaspar, conselheiro económico do secretário-geral. daí que a direcção do ps encare com tranquilidade as reacções internas.
na quinta-feira, antes da comissão política nacional, seguro reagia com ironia, questionado sobre a possibilidade de críticas internas: “acha?”, devolveu ao jornalista.
no facebook, joão galamba defendia o acordo contra as críticas feitas pela extrema-esquerda. “pcp e bloco de esquerda diabolizam toda e qualquer negociação, mas, neste caso, parecem ter gostado dos resultados dessa mesma negociação, porque aprovaram aquilo pelo qual o ps se bateu”, rebatia o deputado.
o acordo que baixa a taxa para 17% nos primeiros 15 mil euros de lucro das empresas, foi alcançado entre segunda e quarta-feira. seguro, determinante na semana passada para impedir que o governo recusasse negociar, fechou-o esta quarta-feira com passos coelho.