Jerónimo de Sousa mencionou uma "entrevista que vai sair amanhã" na qual Passos Coelho "afirma coisas de grande gravidade", nomeadamente, que "há decisões que o Tribunal Constitucional pode tomar que podem perturbar o FMI e Portugal".
"Ele não se atira ao tribunal Constitucional, ele atira-se à Constituição da República. Esse é que é o problema de Passos Coelho", considerou.
O primeiro-ministro "não tem nada contra os juízes do TC", mas sim contra a Lei Fundamental, insistiu numa intervenção que fechou mais uma acção da pré-campanha da CDU para as eleições europeias de 25 deste mês.
Jerónimo de Sousa conclui que, "por isso mesmo", este é "um governo fora da lei, um governo fora da Constituição", que em sua opinião "deveria ser imediatamente demitido por mais esta afronta".
Mas o líder da CDU considerou também que, para esse efeito, não se pode contar com o Presidente da República (PR).
"Dali não esperamos grande coisa", completou, arrancando assobios contra Cavaco Silva entre as cerca de 200 pessoas que assistiram esta iniciativa político-eleitoral, na qual participou também o nº 3 da lista da CDU para o Parlamento Europeu, Miguel Viegas.
Para Jerónimo Sousa, perante uma declaração como aquela, do primeiro-ministro, reforçou que o PR devia exigir "que o governo se meta no seu lugar" ou demiti-lo, "porque afronta a lei mãe do nosso país".
"Isto significa que afinal a 'troika' não se foi nada embora. Quando Passos Coelho avança com a perturbação que FMI possa ter, demonstra um governo sem alma, sem uma conceção patriótica de afirmação da nossa soberania", acrescentou.
O PS também não escapou às críticas de Jerónimo de Sousa. "Infelizmente, nós vemos um comprometido com estas políticas".
Jerónimo Sousa disse que "o PS, no quadro do Parlamento Europeu, alinhou e aprovou todas as medidas que vão condicionar o nosso futuro" e subscreveu o Tratado Orçamental.
O líder da CDU disse que o PS encontrou "uma solução" para o seu posicionamento político, que disse ser a seguinte: "Eu não prometo, logo não cumpro. É a melhor forma de não assumir as responsabilidades de um partido que se afirma de esquerda e está contra a austeridade, mas que não é capaz de dizer coisas básicas para os trabalhadores".
Para Jerónimo de Sousa, a primeira dessas coisas é que "qualquer Governo patriótico e de esquerda tem a obrigação de devolver aquilo que foi roubado aos trabalhadores".
"Se é para fazer o mesmo então até acaba por ser preocupante para a própria democracia. Há muita gente que está disposta a votar no PS porque pensa que é alternativa", afirmou, alertando, porém, para o risco de "ver o PS a não fazer coisa nenhuma ou, pior, a fazer o mesmo que estes estão fazer".
O voto na CDU significa, segundo afirmou, "eleger homens e mulheres capazes de defender os interesses nacionais, sem nenhum ganho ou benefício".
Lusa/SOL