Portugal está na moda

Há uns bons anos, quando ir à praia não fazia parte dos hábitos dos portugueses, as famílias ‘lutavam’ por herdar os terrenos do interior em detrimento das casas junto ao mar ou ao rio. Diz-se que os mais velhos tinham primazia e fugiam da zona dos pescadores, conotada como a dos pobres. Quando o hábito…

Em Lisboa e no Porto durante muitos anos as zonas históricas foram sendo deixadas ao abandono. O submundo foi ocupando esses prédios velhos e em ruínas e as lutas de heranças contribuíam em muitos dos casos para a degradação dos imóveis.

De há uns anos para cá as regras foram-se alterando. Primeiro com muitos estudantes a instalarem-se nessas zonas, até porque eram mais baratas, e depois com o comércio a surgir lentamente. Actualmente, as tais zonas históricas das duas principais cidades do país são das áreas que mais se valorizam. De diferentes maneiras. Em primeiro lugar, os empresários descobriram, por exemplo, que abrir um hotel nessa zona tem muito mais charme do que fazê-lo no meio da cidade. Por outro lado, são as zonas mais procuradas pelos turistas, pois é nesses locais que existem as diferenças para o que têm nas suas terras. E aqui entramos noutro pormenor curioso. Ao 'boom' de hotéis que está previsto para Lisboa e Porto, regra geral, os empresários querem associar os espaços com a marca de Portugal. Até há poucos anos o que interessava era copiar o que se fazia lá fora e as pessoas fugiam da marca do país. Fosse da gastronomia, do design ou da música. O que era moderno estava lá fora. Os 'modernozinhos' assim o determinavam. E são esses mesmos 'modernozinhos' que hoje gritam que a marca de Portugal é um 'must'.

P. S. Esta semana saíram, no mesmo dia, 18 mil pessoas de seis cruzeiros que atracaram na capital, deixando, ao que de diz, mais de um milhão de euros em poucas horas de estadia. Para quando, nessa zona, um centro comercial português com as melhores marcas nacionais?

vitor.rainho@sol.pt