"Atenção a este rapaz. Precisa de quem o trave”, dizia Medeiros Ferreira. E é isso que todos precisamos. De travar este rapaz. De o travar a fundo. Com urgência, com determinação", disse Joana Amaral Dias, lembrando um dos últimos textos em vida de Medeiros Ferreira publicado num blogue que partilhava com a outrora dirigente do BE.
A antiga bloquista falava na Convenção "Novo Rumo", do PS, que durante o dia de hoje decorre na antiga Feira Industrial de Lisboa (FIL). A presença de Joana Amaral Dias foi uma surpresa apenas hoje anunciada para o encontro.
"Vivemos um momento histórico desde 1974. Desde então Portugal não tinha conhecido um governo tão agressivo e tão selvagem, que ataca todas as conquistas, desde o Estado social até à democracia", advogou Joana Amaral Dias, para quem a saída da ‘troika' de Portugal não mais é que um "divórcio por conveniência".
"Uma separação fraudulenta, em que uma das partes, como é hábito, fica sem dívida e todos os bens – a ‘troika', evidentemente – e uma outra que fica sem nada, embora continuem a viver juntos. E é esta festa que este executivo e os seus patrões andam a celebrar", realçou.
Numa intervenção bem-disposta e por várias vezes aplaudida pela plateia, Joana Amaral Dias lembrou que não discursava perante "tantos socialistas" desde Outubro de 2005, quando se apresentou como mandatária para a juventude da candidatura presidencial de Mário Soares às eleições de então.
"Imagino que alguns de vocês estejam surpreendidos de me ver aqui hoje. Mas eu acho que lá fora haverá gente mais surpreendida. Aliás, diria mesmo que tudo o que acontecesse hoje seria mais surpreendente que o Conselho de Ministros de hoje", advogou.
A seguir a Joana Amaral Dias, Manuel Machado, presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), lembrou a necessidade de um novo rumo para Portugal mas "também para a Europa", que falhou nos últimos anos na ajuda a alguns dos seus membros.
"É preciso uma estratégia política para derrotar a crise. É preciso por em prática uma estratégia nacional e europeia para dar a volta a este mau momento", defendeu.
Lusa/SOL