Pais e directores de escolas criticam o Ministério da Educação por “empurrar” a solução para as escolas e para as famílias e por reduzir ainda mais a duração do terceiro período. “A escola não oferece qualquer alternativa. Encerra quando tem de ser e as famílias é que ficam com o problema nas mãos”, diz ao SOL Jorge Ascensão, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap).
Apesar de o calendário de exames deste ano ter saído num despacho publicado em Junho de 2013, a notícia só começou a chegar aos encarregados de educação nos últimos dias. “Muitos pais ainda nem foram informados oficialmente, apenas os alunos. Isto devia ter sido pensado em conjunto, para todos encontrarmos a melhor resposta” – acrescenta Jorge Ascensão, lembrando a instabilidade laboral em que se encontram muitos pais que, por isso, “não podem pedir um dia no trabalho para ficar com os filhos”. No caso do 5.º ano, trata-se de crianças com dez ou 11 anos.
Outro constrangimento que terá de ser resolvido até segunda-feira envolve as crianças com transporte escolar assegurado pelas autarquias, por viverem em aldeias dispersas. Como a viagem só é feita ao início e final do dia, terá de ser encontrada uma alternativa para os alunos que só têm exame de manhã ou de tarde.
Adalmiro Botelho da Fonseca, presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, diz que, na maioria das escolas, a solução tem mesmo de ser o encerramento. “Temos que garantir que os exames são feitos com regras e tranquilidade”, explicou ao SOL. Além disso, a vigilância das provas obriga a mobilizar quase todos os professores da escola, pois os docentes das crianças em exame ficarão apenas encarregues de os acompanhar até à sala e depois no intervalo que separa a primeira da segunda parte da prova.
Fecho afectará mais alunos
Apesar de o encerramento da escola para a realização de exames não ser uma novidade, este ano o impacto será maior, porque serão dois anos a fazê-los no mesmo dia, e não apenas os alunos do 4.º ano como aconteceu em 2013, quando arrancou esta avaliação. Assim, a escola-sede de agrupamento, em vez de fechar apenas num dos turnos, encerrará o dia inteiro para a prova do 4.º ano, às 09h30, e a do 6.º, às 14h.
A justificação dada pela tutela para a antecipação do exame do 6.º ano, de Junho para Maio, é a recuperação dos alunos que tiverem maus resultados. Depois de aulas-extra, poderão repetir as provas na segunda semana de Julho. A nota contará apenas 30%.
Dentro e fora da sala de aula, as regras apertadas mantêm-se: não há telemóveis ou secretárias partilhadas, nem saídas durante o exame. Os vigilantes estão obrigados a manter silêncio absoluto para não desconcentrar os alunos.