Vamos por partes. PS e PSD/CDS, em conjunto, dificilmente somarão no domingo mais do que 65% dos votos. Seguro, um líder politicamente anémico e pouco mobilizador, não parece capaz de se aproximar dos 44,5% do PS (e de Ferro Rodrigues) em 2004. E se a coligação PSD/CDS já então não foi além dos 33,3%, agora – com o desemprego acima dos 15%, três anos de austeridade, cortes nas pensões e salários, entre outros anticorpos eleitorais – é expectável que Passos e Portas fiquem bem abaixo dessa votação.
Nas últimas europeias, em 2009, pouco mais de três milhões e meio de votantes se deslocaram às mesas de voto, enquanto mais de seis milhões (63,2%) se abstiveram. Quer isto dizer que uma subida da Abstenção para próximo dos 70% significará que só cerca de três milhões de portugueses irão votar no domingo. O que implicará que apenas com perto de 120 mil votos (à roda dos 4%) Marinho Pinto ou Rui Tavares poderão ser eleitos – o que não parece nada fácil, dado o desconhecimento generalizado sobre qual partido irá Marinho Pinto representar e dado o ciclo de refluxo eleitoral vivido pelo Bloco, que afectará seguramente a votação do Livre de Rui Tavares.
De qualquer forma, o Presidente Cavaco Silva já avisou que, nestas eleições, “não está em causa a escolha de deputados para o Parlamento nacional” nem a legitimidade democrática do Governo PSD/CDS.
E é bom o PS e Seguro, preparados para pedirem de novo eleições antecipadas, não esquecerem que Cavaco em 1989 e Sócrates em 2009 perderam mais de um milhão e meio de votantes nas europeias. E, depois, ganharam com clareza as legislativas seguintes.