O principal partido da oposição entende que as afirmações da ministra das Finanças, ontem, deixa claro que “a carta de intenções não é um mero procedimento formal no final da avaliação do programa de ajustamento, conforme o Governo tentou fazer crer, mas constitui um verdadeiro programa pós-troika”, lê-se no requerimento enviado hoje a Assunção Esteves.
No documento, assinado pelo líder parlamentar Alberto Martins, o PS dá conta do que diz ser o “desacerto de vários membros do Governo sobre a existência e o teor do documento”. A fundamentar a tese estão as declarações de Maria Luís, no dia 5 de Maio, quando afirmou que a carta de intenções ao FMI não teria “nada que não faça parte dos compromissos que os portugueses já conhecem”. E ainda as de Paulo Portas, no dia 7, que deu então conta de que o documento não estava concluído. Ou as de Passos Coelho que, no mesmo dia, admitia que “seria importante a população ter conhecimento do conteúdo da carta, se esta contivesse alguma coisa de diferente ou compromissos novos, mas não tem”.
A discussão à volta do conteúdo da carta de intenções enviada pelo Executivo ao FMI arrasta-se há um mês. O PS entende que “o horizonte temporal do pacote de austeridade do Governo vai para além da actual legislatura e, como tal, este executivo não tem legitimidade bastante para assumir quaisquer compromissos plurianuais”, escrevem ainda os socialistas no requerimento onde pedem acesso urgente à carta de intenções enviada pelo Executivo português ao FMI.
