Diploma sobre sustentabilidade do sistema de pensões aprovado

O Governo aprovou hoje uma proposta de lei relativa à solução duradoura de sustentabilidade do sistema de pensões, conforme estava previsto no DEO.

Diploma sobre sustentabilidade do sistema de pensões aprovado

"O conteúdo da proposta de lei tinha já sido anunciado e está reflectido no Documento de Estratégia Orçamental (DEO) 2014-2018. A entrada em vigor será apenas em 2015, mas a sua aprovação visa criar as condições para eventuais questões de constitucionalidade", afirmou a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, na conferência de imprensa semanal do Conselho de Ministros.

Nesta conferência de imprensa estão presentes seis membros do Governo: os ministros do Emprego e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, das Finanças, Maria Luís Albuquerque, Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, e os secretários de Estado das Finanças, Manuel Rodrigues, e da Administração Local, António Leitão Amaro

De acordo com o DEO apresentado pelo executivo a 30 de Abril, o Governo vai aliviar a aplicação da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES), mas vai agravar as contribuições para a Segurança Social em 0,2 pontos percentuais, para 11,2%, e subir a taxa máxima do IVA para 23,25%.

As novas medidas, que serão aplicadas a partir de 1 de Janeiro de 2015, visam "evitar o agravamento da situação, bem como promover o início do processo de amortização da dívida implícita do sistema" de Segurança Social.

"No sentido de caminhar para a reforma do sistema de pensões públicas e garantir a sua sustentabilidade" o Governo decidiu substituir a actual CES por uma "contribuição de sustentabilidade", entre 2% e 3,5%, sobre o montante das pensões mensais em pagamento acima de 1.000 euros.

O DEO prevê assim que a partir de 1 de Janeiro do próximo ano os pensionistas que recebam até 1.000 euros fiquem isentos da contribuição de sustentabilidade. Já sobre a totalidade das pensões entre os 1.000 euros e os 2.000 euros, será aplicada uma redução de 2%. 

Actualmente, a CES prevê uma taxa de 3,5% sobre a totalidade das pensões a partir dos 1.000 euros e até aos 1.800 euros.

O corte de 2% que o Governo agora prevê no DEO será aplicado também a pensões superiores a 2.000 euros e será de 5,5% sobre o remanescente das pensões até 3.500 euros.

Ainda segundo o DEO, às pensões superiores a 3.500 euros serão aplicadas contribuições de 15% sobre o montante que exceda 11 vezes o valor do Indexante de Apoios Sociais (IAS), mas que não ultrapasse 17 vezes aquele valor, e 40% sobre o montante que ultrapasse 17 vezes o valor do IAS (419,22 euros).

Esta contribuição incidirá de igual forma sobre as pensões do Regime Geral da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações (CGA).

Segundo o DEO, será também aumentada a taxa normal do IVA dos actuais 23% para 23,25%, "cuja receita adicional reverterá integralmente para os sistemas de pensões".

O executivo quer ainda introduzir um factor de equilíbrio que corresponde à taxa de actualização anual das pensões em pagamento "compatível com o equilíbrio do sistema contributivo no médio e longo prazo."

Este factor de equilíbrio determina que a taxa de actualização anual das pensões passe a depender da relação entre as receitas e as despesas do sistema e "reflectirá todas as alterações estruturais registadas nas variáveis demográficas e económicas que o caracterizam", mas é introduzida uma cláusula de salvaguarda: quando o factor for negativo, essa cláusula assegura que não haverá redução de pensões. 

Quando o factor for positivo, haverá lugar a uma compensação pelo valor negativo acumulado em anos anteriores "para evitar desequilíbrios no plano da sustentabilidade financeira do sistema".

Lusa/SOL