Primeiro-ministro não vai renegociar a dívida do país

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, rejeitou hoje a renegociação da dívida de Portugal, considerando que nesta altura “não tem razão de ser” e que seria “um problema que o país não precisa de enfrentar”.

Primeiro-ministro não vai renegociar a dívida do país

Em declarações aos jornalistas no final de um dia dedicado aos concelhos de Cinfães e de Arouca, Pedro Passos Coelho respondeu que "a renegociação da dívida é nesta altura uma coisa que não tem razão de ser".

"Como felizmente não há questões tabu e felizmente nós nos podemos exprimir com muita liberdade no nosso país, não levará a mal que eu discorde daqueles que dizem que essa renegociação deve ser feita. Ela corresponderia nesta altura a um problema que o país não precisa de enfrentar", justificou.

O primeiro-ministro garante que a previsão do Governo não é que a economia vá estagnar e portanto tratou de "afastar totalmente esse pessimismo com que muitas vezes essas questões são colocadas na opinião pública".

"Eu não admito tal, rejeito tal porque isso não tem nenhum fundamento. Depois de tudo o que fizemos em matéria de reforma estrutural, a probabilidade de voltarmos a repetir um exercício tão medíocre como esse que aconteceu em Portugal nos últimos 12 anos tende para zero", explicou.

Pedro Passos Coelho defende assim que esse "quadro deve ser afastado porque não é minimamente realista" e que "qualquer renegociação de dívida que pudesse ser feita junto desses privados não residentes significaria simplesmente que Portugal deixaria de ter acesso aos mercados".

"Quem defende uma coisa dessas, não sabe o que está a defender. Se olharmos para aqueles que são residentes, então isso seria uma tolice porque se nós quiséssemos renegociar a dívida com os portugueses que detêm essa dívida, simplesmente o nosso sistema financeiro não iria aguentar", acrescentou ainda.

Durante o discurso na cerimónia em Arouca, o governante defendeu ainda que "as boas contas e as questões financeiras só são relevantes porque são um instrumento para nós podermos dar conta às pessoas das suas necessidades e dos seus problemas".

"Nós só somos dominados pelas questões financeiras e económicas quando aí falhamos clamorosamente. É porque às vezes não fomos suficientemente cuidados na esfera política, que hoje nos temos de sujeitar a muitas restrições desta natureza", enfatizou.

Passos Coelho falou ainda de uma "indicação e estimativa de encargos novos" – à volta dos 100 milhões de euros – que "podem estar associados a instituições que entretanto estão a concluir novos equipamentos e que gostarão de ter protocolos com a Segurança Social".

"O mundo não para e todos os anos há necessidades crescentes de uma despesa que a ser realizada tem que ter alguma contrapartida", disse, acrescentando ser "previsível que haja necessidade de aumentar encargos, no futuro, com a área social" e para isso serão precisas boas contas para o poder financiar.

Lusa/SOL