"O utente vai ser afectado pela greve, mas não há risco de vida para ninguém e os serviços mínimos estão assegurados", disse à agência Lusa a presidente da comissão executiva da FNAM, salientando que ainda não existem números de adesão à paralisação.
A greve contra as políticas do Governo, que começou às 00h00 de hoje e decorre até às 24h00 de quarta-feira, foi convocada pela FNAM e conta com o apoio da Ordem dos Médicos, de várias associações do sector, de pensionistas e de doentes.
De acordo com Maria Merlinde Madureira, os serviços mais afectados pela greve são as consultas externas e as cirurgias.
"Aconselho os utentes a não saírem de casa sem ter a certeza de que a sua consulta se vai realizar. Será no sector das consultas e da cirurgia programada que haverá os maiores prejuízos imediatos que serão compensados pela garantia de um futuro melhor na saúde", sublinhou.
A dirigente da FNAM adiantou que os motivos da greve prendem-se com a defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dos profissionais e utentes.
"Esta é uma luta contra uma portaria que destrói o SNS, que destrói hospitais ao retirar-lhes valências, ao diminuir acessibilidades", disse.
Na origem da greve, esclareceu Maria Merlinde, está uma portaria "que obriga os médicos de família a praticarem actos que não lhes respeitam" como a medicina de trabalho e a saúde pública.
"É uma luta contra a organização da VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação) e INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) e um conjunto de atitudes que visam defender o SNS e a dignidade dos médicos que tem sido posta em causa", disse.
Este é a segunda greve de médicos que Paulo Macedo enfrenta, tendo a primeira decorrido há dois anos.
Ao contrário da greve de 2012, esta greve não terá a participação do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) que, no dia em que foi anunciada esta forma de luta, explicou que não aderia.
Na altura, o secretário-geral do SIM disse que o sindicato não participaria na greve pois "não desiste de dialogar e negociar com o Ministério da Saúde, porque entende que esse é o caminho que melhor defende e serve os interesses dos médicos seus associados".
O ministro da Saúde, Paulo Macedo, disse na segunda-feira, em Portalegre, não compreender a greve dos médicos, considerando que a situação "não é construtiva" para o país, que saiu recentemente de uma situação de emergência económico-financeira.
"Eu não compreendo a greve. Nos sindicatos aduziram 22 motivos e a Ordem dos Médicos, se não me engano, 56, portanto se eu quiser apresentar 70 motivos posso sempre apresentar os mais diversos", afirmou.
Assinalando que tem mantido diálogo com os sindicatos e a Ordem dos Médicos sobre os problemas que envolvem o sector, Paulo Macedo considerou que a greve não surge de uma "perspectiva credível" e, sobretudo, "construtiva", uma vez que o país saiu, recentemente, de uma situação de emergência económica e financeira.
Para Paulo Macedo, as razões apresentadas para avançar com a greve são "difusas", de "cariz genérico" e "claramente em termos políticos".
Lusa/SOL