As ausências – mais de metade das reuniões da Assembleia Municipal desde Junho – têm servido de arma de arremesso político pela oposição. Das seis reuniões que houve desde o início de Junho, Costa faltou a quatro, uma delas justificada por estar num debate com o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro. Segundo fonte oficial, o presidente da Câmara «vai às sessões da Assembleia Municipal quando os temas em agenda implicam a sua presença, o que não estava em causa nas sessões em que esteve ausente».
Quanto às reuniões de Câmara, Costa faltou apenas a duas: uma para receber um prémio atribuído à capital, em Bruxelas, e outra por estar no Porto, a convite de Rui Moreira, para participar nas festas do São João na cidade.
Quase todos os distritos percorridos num mês
Desde o início de Junho, Costa já percorreu quase todos os distritos. Contam-se já 23 iniciativas, realizadas essencialmente durante os fins-de-semana ou à noite, nos dias de semana, com muitos discursos e centenas de quilómetros de deslocações.
Costa arrancou com um debate com militantes em Faro, no dia 9 (segunda-feira) às 21h30. Seguiu-se outro no dia 13 (sexta), em Coimbra, à mesma hora. O sábado e domingo foram passados no Norte: de Barcelos, VilaNova de Cerveira e Bragança, a Famalicão, Vizela e Vila Real. Depois, Setúbal, Leiria, a apresentação da candidatura em Lisboa, Aveiro, o lançamento das linhas programáticas no Porto, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Mangualde, Torres Vedras, Évora, Madeira (numa quinta-feira), Coimbra, Beja e um encontro com figuras ligadas à Cultura, em Lisboa. Hoje, estará em Guimarães às 21h30 e, no fim-de-semana, em Penafiel e Felgueiras.
Oposição fala em ‘quebra de contrato’
As voltas de António Costa pelo país não têm caído bem na oposição em Lisboa. Logo numa das primeiras reuniões da Assembleia Municipal após ter avançado na corrida à liderança do PS, o deputado municipal do PSD, Sérgio Azevedo, disse estar «preocupado com a quebra de contrato com os lisboetas» e questionou o presidente em exercício, Fernando Medina: «Têm ou não a liderança a prazo?». Medina acusou o deputado de se «imiscuir na vida interna do partido e na forma como o PS se organiza». «Não entraremos nesse jogo», disse.
Costa já afirmou que ficará na autarquia se ganhar as eleições primárias no PS, a 28 de Setembro, mas não adiantou se será por um curto período, para preparar terreno para o sucessor (Fernando Medina, ao que tudo indica) ou até ser impossibilitado por lei (ou seja, só se o PS ganhar as eleições e for eleito primeiro-ministro). Foi esta última hipótese que defendeu o número dois de Costa, em declarações ao SOL, na passada edição.
*com Margarida Davim