Paula Silva, de Bragança, disse que "o Governo está a esvaziar o interior do país" com uma reforma "sem sentido", enquanto José Costa, de Amares, sustentou que "é um crime o que se está a fazer".
Maria Andrade, de Coimbra, outra dos muitos advogados que protestaram sob sol abrasador de toga vestida, salientou que "o novo mapa é um desastre", pois "quem o fez não se lembrou das populações".
Por seu lado, o vice-presidente da Câmara Municipal de Castro Daire, Eurico Moita, viajou para Lisboa juntamente com "50 pessoas", para "todos manifestarem a sua indignação pelo fecho do tribunal" naquela localidade.
"Queríamos o nosso tribunal aberto, que tem instalações próprias. Tínhamos condições para que continuasse aberto e, sem tribunal, vai obrigar as populações a fazer distâncias incomportáveis", disse.
Eurico Moita declarou ainda que, com a nova comarca, quem pretender deslocar-se a tribunal "terá de fazer 30 quilómetros desde a sede do concelho até Viseu e até poderá ter de fazer mais quilómetros se for a Lamego".
"São situações difíceis, sobretudo havendo dificuldades de transportes públicos", salientou, assinalando a desprotecção do interior do país.
O presidente do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados (OA), Jaime Martins, referiu que duvida que "o protesto tenha sido em vão" e revelou acreditar que o mapa judiciário "vai ser revogado", porque "não serve a cidadania nem o tecido empresarial português".
Jaime Martins afirmou ainda que deve ser "revisto o número de magistrados e algumas valências que foram retiradas de algumas estruturas que continuam abertas e outros tribunais que foram encerrados e devem ser reabertos".
Sobre a queixa-crime que a OA tem intenção de apresentar contra os membros do Governo que assinaram a reorganização judiciária, Jaime Martins disse que não vai subscrever a queixa, nem o "Conselho Distrital de Lisboa" o fará.
"Parece-me que não há fundamento jurídico para isso e acho que, de alguma forma, a queixa prejudica o papel que a OA deve ter enquanto interlocutor privilegiado e parceiro na administração da Justiça".
No discurso de encerramento protesto, a bastonária dos advogados, Elina Fraga, disse que a acção foi convocada "para defender o Estado de Direito" e não em defesa "da classe" e "em defesa do acesso à Justiça e dos direitos fundamentais dos cidadãos".
Manifestando "orgulho" pela "união da classe", a bastonária afirmou que acredita "profundamente" na democracia, porque, acentuou, "as más decisões podem ser revogáveis".
Referiu ainda que "algumas autarquias já reuniram assinaturas necessárias para a reapreciação parlamentar" do novo desenho judiciário, que cria 23 comarcas e encerra 20 tribunais, transformando 27 em igual número de secções de proximidade".
Lusa/SOL