O caso do BES é diferente do do BPN porque, depois da amarga experiência que constituiu a nacionalização deste banco, o Governo não seguiu o mesmo caminho – tendo o Banco de Portugal accionado um mecanismo previsto no projecto de União Bancária mas até hoje nunca experimentado.
O BES, rebaptizado de Novo Banco, vai assim ser uma cobaia.
De qualquer forma, quem liderou este processo nas últimas semanas não foram os accionistas privados mas sim o Banco de Portugal – ou seja, o Estado – sob a batuta de Carlos Costa. Há, assim, uma perturbante mistura privado/público na condução dos destinos de um banco que pertencia integralmente a privados e onde o Estado não tinha capital.
A conclusão a tirar deste caso é que, para salvar os depositantes e evitar o risco sistémico, o Estado acaba sempre por intervir em momentos de crise grave da banca. E isto é que me inquieta. Para que serve afinal, aqui, a iniciativa privada? E onde acabam os limites da intervenção dos privados e começa a intervenção coerciva do Estado no sector bancário?
Uma palavra final para os que lamentam a ausência do primeiro-ministro neste processo. A meu ver, quanto mais longe estiver Passos Coelho disto, melhor. Bem basta a ministra das Finanças, por dever do ofício, ter de se envolver no assunto.