“As propostas do PS são do partido e não do Secretário-Geral. Não quero estar no campeonato de quem propôs o quê”, acrescentou Costa, referindo que a sua preocupação não é “diferenciar-se” de Seguro mas sim do Governo. “Há quem tenha mais energia para me combater a mim do que ao Governo. Cá para mim, as minhas energias estão concentradas nos problemas dos portugueses”, concluiu.
Nos recados a Seguro, Costa lamentou que o líder do PS apenas sugira que se “vá mais devagar” nos sacrifícios, o que “fragilizou a actuação do PS” e isso reflectiu-se nos resultados eleitorais. Além disso, aproveitou para criticar a estratégia da direcção do partido: “Não se deve fazer medidas avulsas. Não é produzindo 80 medidas que se afirma o PS, mas sim com um progama de acção”.
O candidato às primárias do PS apresentou esta manhã a “Moção Política sobre as Grandes Opções de Governo”, onde propôs a criação de um programa de reformas a tempo parcial, somado ao trabalho a tempo parcial e com a condição de contratação de jovens a tempo inteiro. O objectivo é que captar financiamento por via de fundos comunitários, adiantou Costa, sem com isso agravar os problemas da Segurança Social.
Já sobre a questão da dívida e de reformas no quadro fiscal, Costa voltou a não se comprometer. “Portugal deve acompanhar o interesse de soluções técnicas para desafogar os Estados membros do peso da dívida”, disse. Questionado sobre se concorda com uma de reestruturação da dívida, o presidente da Câmara de Lisboa afirmou que não lhe “compete dizer qual o caminho ou qual a combinação de caminhos” a seguir, mas sim “acompanhar as diferentes propostas” na Europa. E que tem que haver um equilíbrio entre “redução do custo da dívida e aumento da liquidez”, sublinhando que tem que ser feita uma “leitura inteligente” do Tratado Orçamental, uma “leitura mais flexível”, uma vez que este já apresenta “mecanismos de convergência económica” e algumas “medidas de flexibilidade”.
Costa acusou o Governo de tornar os portugueses em “cobaias de experimentação” da austeridade e frisou que “há um consenso de que não é o caminho da consolidação orçamental”. “A alternativa não está em crescer ou consolidar. Só a crescer, consolidaremos”. Quanto à proposta de reestruturação da dívida do deputado Pedro Nuno Santos, um dos seus principais apoiantes, Costa demarcou-se: “Há mais 30 soluções técnicas que têm sido propostas” e que mais 30 serão propostas entretanto.
O candidato às primárias socialistas afirmou, ainda, que é preciso “travar a austeridade para estabelecer a confiança”, referindo que o salário mínimo deve ser actualizado até ao final do ano para os 522 euros e as pensões cortadas devem ser repostas. Quanto a propostas fiscais, nomeadamente de redução de impostos, Costa afirmou que “tendo em conta os constrangimentos financeiros, tem que se ser selectivo na despesa e na despesa fiscal”. Deu o combate à pobreza infantil e juvenil como a sua prioridade, adiantando apenas que as medidas fiscais que têm impacto na recuperação económica devem ter um “efeito focalizado”.