ONU prepara operação de ajuda no Iraque

As Nações Unidas estão a preparar uma grande operação humanitária no Iraque para ajudar mais de 500 mil pessoas desalojadas que fogem dos ataques do grupo extremista do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL), que controla grande parte do território do norte iraquiano.

Numa conferência de imprensa, hoje na sede da ONU, o porta-voz do secretário-geral, Stéphane Dujarric, afirmou que o Gabinete para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) está a aumentar significativamente as operações no terreno para apoiar as pessoas que estão a chegar a Dahuk, região do Curdistão. Os alimentos e água serão enviados via aérea, terrestre ou através de barcos vindos da Turquia, da Jordânia, dos Emirados Árabes Unidos e do Irão.

De acordo com a agência da ONU para os Refugiados (ACNUR), Dahuk tem, neste momento, cerca de 400 mil iraquianos deslocados, incluindo as minorias religiosas yazidis e cristãs e as minorias étnicas arménias e turcomanas.

 “Esta é uma das maiores operações humanitárias que vi nos últimos 50 anos”, contou à BBC Marzio Babille, representante da UNICEF.

O Programa Alimentar Mundial da ONU (PAM) forneceu até agora mais de 2.5 milhões de refeições. A agência, em coordenação com o Governo Regional do Curdistão, está a preparar campos que servirão, no mínimo, de abrigo para 60 mil pessoas.

Apesar do esforço da ONU, a situação em Amirli, 200 quilómetros ao sul de Erbil, está a deteriorar-se de dia para dia. Calcula-se que cerca de 20 mil pessoas permaneçam na cidade, principalmente turcomanos e xiitas. Segundo a ONU a escassez de água e de alimentos é preocupante, e a energia é quase inexistente. As autoridades iraquianas já solicitaram ajuda à Missão da ONU no Iraque (UNAMI), contudo a insegurança vivida no terreno está a dificultar o acesso à área e, consequentemente a entrega de alimentos e de água.

Operações militares no terreno

Esta segunda-feira, o Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, revelou que a barragem da cidade do Mossul foi recapturada pelas forças curdas, um ganho fundamental contra os extremistas jihadistas, que até então tinham o controlo da mesma. Os EUA apoiaram a operação através de ataques aéreos.

Foi um “grande passo em frente”, comentou Obama. Recuperar a barragem foi um dos principais objectivos dos últimos dias, já que a manutenção da mesma era absolutamente necessária. Caso a operação não fosse concluída o risco de inundações, em Mossul e em áreas a poucos quilómetros a sul de Bagdade, era real.

Caças norte-americanos realizaram um total de 25 ataques aéreos no fim-de-semana e mais 15 na segunda-feira para retirarem a barragem aos extremistas sunitas. As forças curdas iraquianas ajudaram na operação, assumindo a liderança na ofensiva terrestre. 

miguel.mancio@sol.pt